segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Adoniran Barbosa - Documento Inédito (1984)



"Adoniran Barbosa nasceu com o nome de João Rubinato, em Valinhos, filho de imigrantes italianos. A data não se sabe ao certo, porque ele mesmo diz, às vezes, que foi em 1910, outras vezes, 1912, ou 1909. A pobreza fez com que Adoniran começasse a trabalhar aos 16 anos. Muito antes disso, ele já vinha desenvolvendo um de seus maiores talentos: o bom humor. É graças a ele que as passagens de sua vida são dúbias, porque ele mesmo muda as histórias, inventa personagens, cada hora diz uma coisa, com certeza fazendo chiste com a audiência. O tal Joca, personagem de saudosa maloca, não se sabe se existiu, se na verdade se chamava Walter, ou se foi criação da imaginação de Adoniran. Em cada entrevista ele diz uma coisa. 

Mas ele morou em Jundiaí, e depois, ainda muito jovem, mudou-se com a família para São Paulo, a cidade que ele cantou em todos os sambas.  Foi em São Paulo que Adoniran, ainda João Rubinato, começou a participar de um programa de calouros na Rádio Cruzeiro do Sul. O nome artístico ele escolheu em homenagem ao amigo Adoniran Alves e ao sambista carioca Luiz Barbosa. Segundo o próprio Adoniran, ele tomou muita gongada, mas era insistente. Até que, em 1934, interpretando o samba filosofia, de Noel Rosa, conseguiu chegar ao final da música (ele disse: “o homem do gongo devia estar dormindo”). Nesse mesmo ano, Adoniran atuou no rádio como cantor. A partir daí, teve contratos rápidos em rádios, e fazia outros bicos, como despachante e guardador de lugar em fila. 

A primeira composição gravada (embora ele já tivesse outras), em 1935, foi Dona Boa, que, segundo Adoniran, era “uma porcaria de marcha, mas ganhou o primeiro lugar do Carnaval”. Por causa dessa vitória, Adoniran conseguiu um programa de 15 minutos na Rádio Cruzeiro do Sul, em que cantava sambas de outros autores e, eventualmente, inseria um de sua autoria. Permaneceu lá até 1940, quando se mudou para a Rádio Record, onde se firmou como ator e humorista, e lá permaneceu por mais de 30 anos. A ousadia de Adoniran foi trazer o samba, carioca de nascença, para a realidade e para o sotaque paulistano, sem forçar a barra, criando um samba autenticamente paulistano, que fala de São Paulo e fala como os paulistas. O samba de Adoniran fala também do cotidiano dos bairros populares de São Paulo, fazendo graça das desgraças de seu povo pobre e sofrido. 

No final da vida, desgastado pela boemia, Adoniran adoeceu com enfisema pulmonar. Em casa, construiu, com pedaços velhos de lata, madeira, bibelôs, e quinquilharias em geral, um parque de diversões em miniatura, que funcionava movido à energia elétrica. Ele falou: dizem que é higiene mental, mas para mim é higiene de débil mental. Ele faleceu em 1982.

Esse disco, lançado em 1984, é uma coletânea de algumas participações de Adoniran em programas de rádio e televisão. Tem também trechos de entrevista que deu ao Museu da Imagem e do Som. A faixa 1 do Lado A é deliciosa, porque quem entrevista Adoniran é ninguém menos do que Elis Regina, que, obviamente, canta algumas músicas também. Nessa entrevista, a genialidade do humor de Adoniran fica muito evidente. Ouçam com atenção."

(http://www.acervoorigens.com/2010/12/adoniran-barbosa-documento-inedito.html)

Disco e capa em ótimo estado.
Edição 1985.
Saindo por R$ 35

Nenhum comentário:

Postar um comentário