sábado, 29 de novembro de 2014

Janis Joplin - Farewell Song (82)



Lançado em 1982, Farewell Song traz nove faixas registradas entre 1968 e 1970, e mostram Janis esbanjando talento, em canções como Tell Mama, One Night Stand e Catch Me Daddy, com o Big Brother and the Holding Company, the Kozmic Blues Band, and Full Tilt Boogie.


Tracking List:

01 • Tell Mama (05:46)
02 • Magic of Love (03:03)
03 • Misery ‘N (04:13)
04 • One Night Stand (03:07)
05 • Harry (00:57)
06 • Raise Your Hand (03:44)
07 • Farewell Song (04:37)
08 • Medley: Amazing Grace / Hi Heel Sneakers (02:35)
09 • Catch Me Daddy (04:50)


Disco e capa em ótimo estado.
Edição Brasileira Original de 1982.
Saindo por R$ 45,00


Led Zeppelin III (1970)



É o terceiro álbum de estúdio do Led Zeppelin. Foi gravado entre janeiro e agosto de 1970 e lançado em 5 de outubro pela Atlantic Records. Foi composto em grande parte em uma casa remota no País de Gales conhecido como Bron-Yr-Aur, este trabalho representa um amadurecimento da música da banda para uma maior ênfase na música folk e sons acústicos. Isso surpreendeu os fãs e críticos, e logo após seu lançamento o álbum recebeu críticas bastante indiferentes.

Embora não seja um dos maiores vendedores do catálogos do Led Zeppelin, Led Zeppelin III hoje é geralmente elogiado e reconhecido por ter representando um importante marco em sua história. Apesar de músicas acústicas serem os destaques em seus antecessores, é este o álbum que é amplamente reconhecido por mostrar que o Led Zeppelin era mais do que apenas uma banda de rock convencional, e que eles poderiam se ramificar em territórios musicais mais vastos.

Bron-Yr-Aur cottage.

Muitas das canções no álbum foram concebidas em meados de 1970, Bron-Yr-Aur, uma casa de campo do século 18 em Gwynedd, País de Gales, numa colina com vista para o Vale do Dyfi, três quilômetros ao norte da cidade Machynlleth.  Lá, Jimmy Page e Robert Plant passaram algum tempo depois de uma turnê exaustiva da América do Norte para tocar e compor novas músicas. O local não tinha eletricidade, o que incentivou uma mudança de direção musical da banda para uma ênfase em arranjos acústicos de Page:

"Após a turnê intensa que tinha ocorrido durante os primeiros dois álbuns, trabalhando quase 24 horas por dia, basicamente, conseguimos parar e ter uma pausa apropriada, um par de meses ao invés de um par de semanas. Decidimos sair e alugar uma casa de campo para fornecer um contraste com quartos de motel. Obviamente, ele teve um grande efeito sobre o material que foi escrito ... Foi a tranquilidade do lugar que deu o tom do álbum. Obviamente, nós não estávamos batendo longe a 100 watt stacks Marshall. Tendo jogado acústicas e estar interessado em violão clássico, afinal, estar em uma casa sem energia elétrica, foi a vez da guitarra acústica ... Depois de todos os vibe, pesados ​​intensa de turnês que se reflete na energia bruta do segundo álbum, era apenas um sentimento totalmente diferente.”

Plant tem expressado lembranças semelhantes:

“Bron-Yr-Aur foi um lugar fantástico no meio do nada, sem instalações, etc e era incrível o que poderíamos fazer naquele ambiente. Porque nessa época que me tornei obcecado com a mudança, e a grande coisa é que nós também fomos capazes de criar uma pastoral lado do Led Zep. Jimmy estava ouvindo Davey Graham e Bert Jansch e estava experimentando com afinações diferentes, e eu adorava John Fahey. Por isso era um lugar muito natural para nós irmos.”

Depois de preparar o material que iria surgir no álbum, Page e Plant se juntaram aos outros membros da banda (John Bonham e John Paul Jones) a Headley Grange, uma mansão decadente no leste de Hampshire, para ensaiar as músicas. Com a sua atmosfera descontraída e envolvente rural, Headley Grange apelou para a banda como a alternativa preferida para a disciplina de um estúdio convencional.

O álbum foi então gravado em uma série de sessões entre maio e junho 1970, ambas em Headley Grange e no Olympic Studios, em Londres. Algum trabalho adicional foi feito na Island Records, a nova Baseando Street Studios, em Notting Hill, Londres, em julho, após a fusão com a Ardent Studios, de Memphis em agosto de 1970 durante a sexta turnê norte americana do Led Zeppelin. O álbum foi produzido por Page e projetado por Andy Johns e Manning Terry.

Composição

Led Zeppelin III marcou uma mudança de foco da banda para o hard rock da década de 1960 e uma forma mais folk rock ou electric folk e de um som acústico inspirado.1 Estes estilos estiveram presentes em menor grau nos dois primeiros lançamentos da banda, mas neste foi o principal destaque, e se manteria em destaque em alguns álbuns posteriores do grupo. Este desenvolvimento encantou a banda para muitos fãs de rock progressivo que nunca teriam escutado o blues estabelecido pelo Led Zeppelin e o repertório de rock. Com Led Zeppelin III, a composição dinâmica do grupo também mudou, da dominação Page, nos dois primeiros álbuns para um caso mais democrático, em que todos os quatro membros do grupo contribuíram com suas próprias composições e idéias padrões que continuam em sessões futuras.

O álbum contém duas músicas que se tornaram os principais componentes de apresentações da banda de concertos ao vivo por muitos anos: "Immigrant Song" e "Since I've Been Loving You". O primeiro deles, escrito por Page e Plant, é sobre a invasão dos vikings na Inglaterra e foi inspirado pelo recente desempenho da banda ao vivo na Islândia. "Since I've Been Loving You" é um clássico, o blues original na chave de C menor apresentava a sincera interação por todos os quatro membros do grupo. Ela se tornaria um marco performance ao vivo da banda, substituindo "I Can't Quit You Baby" do primeiro álbum como vitrine do blues lento da banda. "Hey Hey What Can I Do", o lado-B de "Immigrant Song", é uma composição original de todos os membros do grupo. As letras falam do amor de um homem por uma mulher que "não vai ser sincera".

O disco também contou com as músicas de rock "Celebration Day" e "Out on the Tiles", a influência oriental "Friends" e as faixas acústicas "Bron-Y-Aur Stomp", "Tangerine" e "That's the Way", o última considerado por Page para ser o grande avanço para o lírico de Plant, que ainda estava em desenvolvimento como escritor.4 "Gallows Pole" é um arranjo atualizado de uma canção folclórica tradicional chamado "The Maid Freed from the Gallows". O álbum termina com "Hats Off to (Roy) Harper", uma faixa dedicada a seu influente contemporâneo e amigo, Roy Harper, honrando o seu trabalho e reconhecendo as raízes da banda na música acústica.

Capa

A capa original do vinil de Led Zeppelin III foi embalado em uma luva com uma inovadora capa gatefold desenhada por Zacron, um artista multi-mídia que estudou com Jimmy Page, Eric Clapton e os membros dos Yardbirds na Kingston College of Art em 1969, no mesmo ano Zacron foi contratado para fazer a capa.5 Recentemente ele tinha se demitido de um leitorado da Leeds Polytechnic para fundar a Zacron Studios, e em 1970 Page entrou em contato com ele e pediu-lhe para desenhar a capa do terceiro álbum.

A capa e arte gatefold interior consistia de uma coleção surreal de imagens aparentemente aleatórias em um fundo branco, muitas delas ligadas tematicamente com o vôo ou de uma aviação (como um "Zeppelin"). Atrás da capa havia um disco giratório laminado de um cartão, ou volvelles, cobertos com mais imagens, incluindo fotos dos membros da banda, que mostraram através de furos na tampa. Movendo uma imagem em lugar atrás de um buraco que costumam trazer um ou dois outros em seu lugar atrás de outros buracos. Isso não poderia ser replicado em uma fita cassete convencional ou capa de CD, mas tem havido CDs japoneses e britânicos embalados em versões em miniatura da capa original. Na França, este álbum foi lançado com uma capa de álbum diferente, simplesmente mostrando uma foto dos quatro membros da banda.

A ideia de incluir um Volvelle, com base em gráficos de rotação de culturas, foi inicialmente um conceito de Page.1 No entanto, o resultado foi um encontro de mentes como Zacron estava trabalhando na gráfica rotativa de 1965. Zacron sentiu que por não incluir um texto na frente da tampa, a arte resistiria.

Em um artigo publicado na edição de dezembro 2007 pela revista Classic Rock, Zacron alegou que após a sua conclusão da obra de arte, Page telefonou para ele enquanto ele estava em Nova Iorque para expressar sua satisfação com os resultados, dizendo: "Eu acho que é fantástico." No entanto, em uma entrevista de 1998 que Page deu para a revista Guitar World, ele descreveu os resultados como uma decepção:

“Eu pensei que parecia muito pequenininho-bopperish. Mas estávamos em cima de um prazo, então é claro que não havia nenhuma maneira de fazer quaisquer mudanças radicais para ele.”

A capa do álbum foi destaque na primeira página da revista ao vivo Daily Mail em dezembro de 2007, que saudou Led Zeppelin III como "o melhor disco de rock de todos os tempos".

Lançamento e recepção

Led Zeppelin III foi um dos álbuns mais aguardados de 1970, e encomendas antecipadas nos Estados Unidos sozinhas chegaram perto da marca de um milhão. Seu lançamento foi construído por um anúncio de uma página inteira retirada pela revista Melody Maker no final de Setembro, que disse simplesmente: "Obrigado por nos fazer a banda número um do mundo".

Embora a expansão das fronteiras musicais da banda fossem recebidas calorosamente por alguns, detratores atacaram as faixas mais pesadas como um ruído sem sentido. Em uma representante revisão publicada na revista Rolling Stone, o crítico Lester Bangs elogiou: "Essa é a maneira" como "belo e verdadeiramente comovente", enquanto as canções caracterizadas da banda como as mais pesadas ​​como um petróleo bruto e pouco diferenciadas umas das outras. Outros criticaram o material acústico para apenas imitir a música de Crosby, Stills, Nash & Young. Page sugeriu que essa comparação era imprecisa, afirmando em uma entrevista que ele deu a Cameron Crowe que:

“Quando o terceiro LP saiu e teve suas opiniões, Crosby, Stills e Nash tinha acabado de se formar. O LP tinha acabado de sair e por causa de suas guitarras acústicas tinha vindo à tona de repente: LED ZEPPELIN FAZ ACÚSTICO! Eu pensei, Cristo, onde estão suas cabeças e os ouvidos? Havia três músicas acústicas no primeiro álbum e duas no segundo.”

Page também disse que a imprensa negativa dada ao terceiro álbum o afetou tanto que ele não deu entrevistas à imprensa durante 18 meses após seu lançamento, e também foi uma das razões pelas quais o álbum sem título subseqüente da banda não continha nenhuma informação escrita nele sobre tudo. No entanto, mais recentemente ao longo dos anos, ele comentou sobre a reação negativa da imprensa em termos um pouco mais diplomáticos:

“Em retrospecto, posso ver como se alguém visse Led Zeppelin III, que era tão diferente do que tínhamos feito antes, e eles tinham apenas um curto período de tempo para analisá-lo na vitrola do escritório, em seguida, eles perderam o conteúdo. Eles estavam com pressa e eles estavam procurando o novo "Whole Lotta Love" e não ouviram que o realmente estava lá. Era muito novo para eles e eles não conseguiram o enredo. Assim, em retrospecto, não me surpreende que a diversidade e amplitude do que estávamos fazendo era ignorado ou subestimado na época.”

O álbum Led Zeppelin III foi um êxito n.º 1 transatlântico. Esteve durante quatro semanas no topo da tabela Billboard, ao mesmo tempo que entrava para a primeira posição da tabela britânica, permanecendo ali por três semanas (regressando ao topo, por mais uma semana, em 12 de dezembro). Contudo, no seguimento deste caloroso acolhimento, e depois de várias críticas negativas, as vendas baixaram após este período inicial em alta. Como Plant referiu:

“Led Zeppelin III não foi um dos discos mais vendidos, porque o público se virou e disse: 'O que vamos fazer com isso?' - 'Onde está o nosso "Whole Lotta Love Parte 2"? Eles queriam algo como Paranoid do Black Sabbath! Mas queríamos ter partes acústicas como "Gallows Pole" que ainda tinha todo o poder de "Whole Lotta Love", porque nos permitia ser dinâmicos.”

Apesar de suas opiniões inicialmente indiferentes e vendas mais baixas do que os outros dois primeiros álbuns da banda, a repercussão de Led Zeppelin III se recuperou consideravelmente com o passar do tempo. A RIAA certificou o álbum com 2 discos de platina em 1990, e com 6 discos de platina em 1999."

wikipedia


Disco em ótimo estado (com pouco chiado em alguns momentos - sem riscos). Capa em muito bom estado (com amarelecido natural de uma edição 70´s e fita transparente na borda esquerda - vide foto).
Edição Brasileira 1977.
Saindo por R$ 50


Johnny Cash - I Love Country (The Storyteller)



Johnny Cash: o Country mais Rock'n'Roll de todos os tempos

Sempre digo que não é preciso necessariamente tocar rock pra ser rock n’ roll, Johnny Cash é talvez o melhor exemplo disso. ‘O Homem de Preto’ como ficou conhecido, ficou eternizado na música mundial tocando country, mas seu estilo de vida junkie lhe confere características pra roqueiro nenhum botar defeito.

Cash iniciou sua carreira na longínqua década de 1950, tocando um som influenciado por rock e rockabilly, ganhando destaque e emplacando alguns sucessos nas paradas musicais. Porém, foi na década seguinte que sua carreira realmente engrenou, mesmo com seu crescente vício em barbitúricos e anfetamina atingindo o ápice, tendo o músico experimentado nessa época todas as drogas possíveis. No entanto, sua criatividade nunca foi abalada pelas substâncias ilícitas, pelo contrário, lançou bons discos e sempre possuía algum single bem ranqueado nas paradas.

Em 1964, o cantor lançaria seu álbum de maior repercussão até então e um dos destaques de sua discografia: “I Walk The Line”, que além da faixa título, possuía “Hey Porter” e o clássico “Folsom Prison Blues”. Já em 1968, ele lançaria o clássico absoluto, o ao vivo “At Folsom Prison”, ao vivo numa penitenciária na Califórnia, com direito a total interação do performer com seu público. Cash se mostra como sempre muito carismático e muito querido pelos presos. O disco possui uma aura mágica e possui todos os hits lançados pelo homem de preto até então. Indispensável em qualquer coleção que se preze, um clássico da música em todos os tempos.

Cash é um dos músicos mais prolíficos de todos os tempos, tendo lançado um total de mais de cinquenta álbuns em toda sua carreira em vida, além de lançamentos póstumos com sobras de materiais de estúdio. Como todo artista, a carreira do músico teve oscilações, incluindo o ponto alto nos anos 60 e 70, a entressafra nos anos 80, e o retorno ao sucesso nos anos 90 com a parceria com o produtor Rick Rubin e os últimos lançamentos marcantes no começo da década de 2000. Seu retorno às paradas na década de 90 marcou a regravação por parte do cantor de bandas contemporâneas como hits do Soundgarden, Beck, entre outros, sempre abrilhantando ainda mais as canções.

Além da carreira musical, Johnny também teve um programa de televisão entre 1969 e 1971, na rede ABC, onde dava espaço a artistas que viriam a se tornar gigantes da música pop mundial como Neil Young e Bob Dylan. Atuou também em alguns filmes, na década de 80, tendo sido protagonista em alguns.

A vida pessoal de Cash foi durante muito tempo conturbada, oriundo de uma família problemática, nunca digeriu a morte do irmão quando ambos eram crianças, teve um pai conservador e até violento. Seus problemas com drogas lhe tornaram um pai cada vez mais ausente e lhe custaram o primeiro casamento. Essa relação do músico com substâncias ilícitas foi uma constante na carreira do músico, entre recaídas e sobriedade conseguiu se casar com o amor de sua vida e companheira até seus últimos dias, June Carter, que também cantava e o acompanhou em diversas turnês. Sua vida conturbada e seu talento artístico foram adaptados para o cinema em 2005, no filme Johnny & June, estrelado por Joaquim Phoenix (Cash) e Reese Whiterspoon (June).

No seu último álbum lançado em vida, “American IV: The Man Comes Around”, Johnny, diagnosticado com uma doença degenerativa alguns anos antes, realiza uma espécie de despedida, num álbum introspectivo repleto de regravações, se destaca “Hurt” do Nine Inch Nails, numa interpretação emocionante Cash tem seu último registro em videoclipe. Uma despedida tocante de um dos maiores artistas de todos os tempos.

Tenho descoberto aos poucos a obra de Johnny Cash e me encantando cada vez mais com a força de suas canções, sua poderosa abordagem e simplicidade genial de suas melodias, das mais simples às mais densas. Por muito tempo, pensei ser perda de tempo buscar algo interessante fora do rock, graças a Deus revi esse conceito e posso curtir obras geniais de artistas como Cash, James Brown, Prince, Michael Jackson, entre outros.

Além disso, como foi falado, Cash não se consagrou tocando rock n’ roll, mas foi um artista que expandiu os limites de sua música, transcendendo o country que ele tocava para algo além, para música boa, de qualidade e honesta.

Independente do ritmo que executava, Johnny Cash era muito rock n’ roll e tem todo meu respeito.

(por David Oaski, in: http://whiplash.net/materias/biografias/163846-johnnycash.html)

Disco e capa em excelente estado.
Edição Brasileira 1987.
Saindo por R$ 35

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Tom Waits - Rain Dogs (1985)



"O cantor norte-americano Tom Waits é o tipo de cara de quem todo mundo já ouviu falar em algum momento, apesar de suas canções nunca estarem presentes em nenhum tipo de programação musical (seja em rádios, 'playlists' de festas e reuniões de amigos em geral, coletâneas de grandes artistas, etc.). Tal realidade gera um pensamento do tipo "nunca ouvi, mas já o respeito pelo que falam da sua música", o que não é nada saudável para qualquer pessoa. Sendo assim, a melhor introdução para os novatos é o clássico álbum "Rain Dogs", de 1985.

Nota: 9 

Ao contrário do que acontece em nossas análises de pérolas musicais que podemos chamar de "trabalhos que estiveram à frente do seu tempo", os álbuns do Tom Waits trazem um sentimento dúbio nesse quesito, devido à aura retrô que permeia suas canções, sempre com influências de jazz, folk, e alguma coisa de rock 'n' roll com cheiro de naftalina. E como a cereja no topo do bolo, ainda temos a atitude boêmia e voz de "bufão encachaçado" que ficarão impregnadas em sua cabeça pelo resto da sua vida!
Como deu para perceber, originalidade é o ponto forte de Tom Waits, o que pode ser confirmado na essência circense de "Singapore", na percussão bizarra de "Clap Hands", no clima latino e sombrio de "Jockey Full Of Bourbon", e no aspecto ironicamente brega da balada "Hang Down Your Head". E isso apenas para ficar em pequenos detalhes chamativos de uma obra recheada de camadas e variações musicais...

Mas, se querem mais destaques desse apanhado extenso até demais (19 faixas no total), aqui vão mais alguns: o singelo folk "Time", o blues rock experimental "Rain Dogs", e o quase pop/rock fino "Downtown Train". Até mesmo os rockões "Big Black Mariah" e "Union Square" soam bastante alternativos, como prova de que o nosso estilo favorito poderia ser ainda mais amplo se existissem mais 'Toms" no mundo...

"Mas Fábio, com tantas misturas doidas, cadê o rock propriamente dito na música desse cara?", você me pergunta. Respondo que a atitude rocker de Tom Waits se encontra no seu desejo de fazer uma música chocante e desafiadora, sempre com letras que trazem histórias de pessoas atormentadas do submundo, e instrumentais variados que nos levam para uma espécie de cabaré bizarro, onde encontramos indivíduos com problemas reais e músicas de um poeta bêbado no ar... Mais rock 'n' roll, impossível!

Como o próprio Tom Waits canta na conclusiva "Anywhere I Lay My Head": "Minha cabeça gira sem parar, tenho meu coração dentro dos sapatos, e eu digo que em qualquer lugar em que repouse minha cabeça, eu estarei, enfim, em casa.". No álbum "Rain Dogs", esse é o sentimento geral que nos passa pela cabeça, enquanto relaxamos e observamos mentalmente cada quadro transmitido de forma vívida por suas loucas músicas. Escute-o com atenção e prepare-se para um sentimento "What the fuck?" mais do que agradável...

(Por Fábio Cavalcanti, in: http://whiplash.net/materias/cds/213434-tomwaits.html)


Músicas:
1. Singapore
2. Clap Hands
3. Cemetery Polka
4. Jockey Full of Bourbon
5. Tango Till They're Sore
6. Big Black Mariah
7. Diamonds & Gold
8. Hang Down Your Head
9. Time
10. Rain Dogs
11. Midtown
12. 9th & Hennepin
13. Gun Street Girl
14. Union Square
15. Blind Love
16. Walking Spanish
17. Downtown Train
18. Bride of Rain Dog
19. Anywhere I Lay My Head

Disco e capa em excelente estado.
Edição Brasileira 1985.
Saindo por R$ 50


Woodstock Mountains: More Music From Mud Acres (1977)



"From the first notes of harmony whistling which open the album to the “dueling harmonicas” arrangement of “Amazing Grace” which closes it, More Music from Mud Acres is a celebration of the friendship and music that was Woodstock in the ’70s. Bona fide rock stars, folk legends, and acoustic blues and bluegrass musicians all converged for three days of nonstop jamming and recording and the result is pure joy. More Music from Mud Acres‘ also features the original recording of Roly Salley’s “Killing the Blues,” initially made famous by Shawn Colvin and John Prine and more recently by Robert Plant and Alison Krauss."

(http://www.rounder.com/2011/03/albums/woodstock-mountains-more-music-from-mud-acres)

Tracklist Hide Credits
A1 Bluegrass Boy
Vocals – Andy Robinson (9)
Written-By – John Herald
3:17
A2 Cold Front
Vocals – Rory Block
Written-By – Artie Traum
3:09
A3 Sleep With One Eye Open
Lead Vocals – Jim Rooney
Violin – Larry Packer (2)
Vocals – George James (2), Joe Schick, Pat Alger*
Written-By – Lester Flatt
3:10
A4 Killing The Blues
Bass – Artie Traum
Guitar, Lead Vocals – Roly Salley
Written-By – Roly Salley
3:47
A5 Waiting For A Train
Guitar, Vocals – Eric Anderson*
Written-By – Jimmie Rodgers
3:03
A6 Morning Blues
Arranged By – Happy Traum, John Sebastian
Guitar, Lead Vocals – John Sebastian
Written-By – Traditional
2:37
A7 Weary Blues
Guitar [Dobro] – Ron Sutton
Guitar, Vocals – Paul Siebel
Piano – Eric Kaz
Steel Guitar [Pedal] – Gordon Titcomb
Written-By – Hank Williams
2:47
B1 Mason Dixon's On The Line
Bass – John Sebastian
Lead Vocals – Pat Alger*
Steel Guitar [Drum] – Eric Andersen (2)
Vocals – Roly Salley
Written-By – Pat Alger*
2:23
B2 My Love Is But A Lassie Yet
Adapted By – Bill Keith
Written-By – Traditional
1:05
B3 Woodstock Mountains
Organ – Richard Bell (4)
Vocals – Andy Robinson (9)
Written-By – John Herald
3:43
B4 Long Journey
Guitar – Rory Block
Vocals – Lee Berg
Written By – R. Watson
2:45
B5 Sally Ann
Adapted By – Happy Traum
Guitar [Dobro] – Ron Sutton
Lead Vocals – Happy Traum
Violin – Larry Packer (2)
Written-By – Traditional
2:50
B6 Barbed Wire
Written-By – Artie Traum
3:00
B7 Whole World 'Round
Arranged By – Lee Berg
Guitar, Lead Vocals – Lee Berg
Written-By – Traditional
2:15
B8 Amazing Race
Arranged By – John Sebastian, Paul Butterfield
Harmonica – Paul Butterfield
Written-By – Traditional
2:28


Credits
Artwork By [Album Design] – Pat Alger
Banjo – Bill Keith (tracks: A3, B2, B3, B5), Happy Traum (tracks: A4, A5, B7)
Bass – Roly Salley (tracks: A1, A3, A5, B3, B5, B6)
Co-producer – Artie Traum, Happy Traum
Engineer – John Holbrook, Thomas Mark
Guitar – Artie Traum (tracks: A2, B3, B6, B7), Jim Rooney (tracks: A3, A4, B2, B5), Pat Alger* (tracks: A1, B1, B6, B7)
Guitar [Lead] – Artie Traum (tracks: A3, B1, B5), Pat Alger* (tracks: A4, A7,)
Guitar, Lead Vocals – John Herald (tracks: A1, B3)
Harmonica – John Sebastian (tracks: A1, A5, B3, B8)
Lead Vocals – Artie Traum (tracks: A2, B6)
Mandolin – Gordon Titcomb (tracks: A1, B7)
Melodica – Happy Traum (tracks: A1, B1)
Mixed By – John Nagy, Thomas Mark
Photography – Ceci Sebastian
Producer – George James (2)
Vocals – Artie Traum (tracks: A3, B1), John Sebastian (tracks: A1, A2), Lee Berg (tracks: A4, B4, B6), Rory Block (tracks: B3, B4, B6)


Disco e capa em excelente estado.
Edição Original 1977.
Importado USA.
Saindo por R$ 40

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Cowboy Junkies - The Trinity Sessions (1988)



"Michael Timmins e o seu amigo de infância Alan Anton tocavam juntos em bandas desde 1979. Recrutaram Peter, irmão de Michael, em 1984, seguido pela irmã Margo. Naquela época, uma timidez excessiva impedia Margo de cantar à frente da banda. Em vez disso, virava as costas enquanto cantava as belas e frágeis músicas da banda a meia voz.

The Trinity Sessions foi gravado num único dia usando um só microfone na igreja de Holy Trinity, em Toronto, Canadá, ao custo de U$$ 250. Foi uma revelação minimalista. O acompanhamento esparso é complementado por rabeca, bandolim, guitarra slide, gaita e acordeão, resultando numa espécie de música country crepuscular e reduzida. A produção mínima mas excelente garante um ambiente íntimo e por vezes misterioso.

As versões de outras bandas são criações sólidas que revitalizam os originais. A contida "Sweet Jane", em especial, é uma joia: o clássico de Lou Reed nunca soou tão triste, enquanto "I´m So Lonesome I Could Cry", de Hank Willians, recebeu uma reinterpretação pungente acompanhadas pelos acordes dedilhados e a guitarra slide de Kim Deschamps. Se essa faixa ou "To Love is to Bury" não partir o seu coração, você talvez não tenha um.

A voz de Margo Timmins é sempre impressionante. O seu a capela no lamento "Mining for Gold" é uma abertura comovente, enquanto a interpretação sensual em "Walking After Midnight", um clássico blues arrastado acompanhado por uma gaita melancólica, está repleta de sensualidade. Acachapante!"

(Resenha extraída do livro "1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer")

Disco e capa em excelente estado.
Edição Brasileira 1988.
Saindo por R$ 70


sábado, 15 de novembro de 2014

The Rolling Stones nº 2 (1965)



"O segundo álbum britânico dos Stones é, na minha opinião, inferior ao primeiro, principalmente no que diz respeito aos covers, que são ainda a maioria das faixas. Apesar de haver versões inspiradas como “Time Is on My Side”, que se tornou uma faixa associada diretamente à banda, a maior parte desses covers pouco acrescentam, a meu ver.

O que se percebe sempre é a substituição da instrumentação diversificada na base das originais pelo trabalho das guitarras, o que talvez irá marcar a sonoridade dos Stones e o estilo próprio de seus guitarristas (basta lembrar que o sagrado riff de “Satisfaction” era inicialmente nada mais que o guia para os metais que seriam incluídos na faixa, mas que Oldham acabou vetando).

As três faixas autorais, “What a Shame”, “Grown Up Wrong” e “Off the Hook”, todas creditadas a Jagger e Richards, são pra mim o destaque do disco e também são passos importantes na formação do som característico da banda, com sua fusão de uma sonoridade fincada no blues e uma levada mais rocker."

(http://consultoriadorock.com/2014/01/12/discografias-comentadas-the-rolling-stones-parte-i/)

Disco e capa em ótimo estado.
Edição Brasileira 1972.
Saindo por R$ 50

Black Sabbath - Sabbath Bloody Sabbath (1973)



"Ano de estafa total para os pais do heavy metal. Turnês gigantescas e intermináveis em seqüência estavam deixando Ozzy e Cia. ainda mais pirados do que o normal. Egos lá em cima, drogas à toda e o caldeirão mercadológico que cercavam a banda também não contribuíam para manter a mente sã dos prolíficos rapazes de Birmingham.

Pois para tudo há solução, e no caso, o jeito era botar as idéias no lugar e procurar um refúgio tranqüilo para as gravações. A malfadada experiência no castelo ao norte da Inglaterra escolhido para ser o tal refúgio (em que a fama mística voltava a se tornar real e assustar até os próprios integrantes) era o sinal de que a palavra “convencional” definitivamente não faz parte da história do Sabbath e aquelas duas semanas dentro do estúdio (um outro castelo mais “comportado”) entrariam para a história.

No entanto, mais uma vez fugindo do que era esperado, a sonoridade do álbum estava mudada. As guitarras se distanciando da afinação baixa, uso grandiloqüente de teclados, órgãos, cordas e violões, experimentalismo em evidência, melodia em alta - inclusive na voz de Ozzy – visual diferente, técnica e magia num casamento apuradíssimo. Era o sorumbático Sabbath se rendendo á progressividade tão em alta na época? Sim, surpreendentemente era. E o fizeram com extrema sapiência e propriedade, sem jamais sequer arranhar sua identidade própria.

Não à toa o álbum em questão é considerado por muitos o melhor e mais bem produzido da longa carreira do grupo. Curioso notar que o Black Sabbath é talvez a única banda em todos os tempos que tem 5 ou 6 álbuns que podem ser considerados “o melhor” e que há defensores ferrenhos para cada um deles. Sorte nossa que ganhamos obras e mais obras magníficas para saciar nossa sede de boa música pesada.

Ao mesmo tempo em que trazia inovações, “Sabbath Bloody Sabbath” – um nome perfeito, ressaltemos - evocava uma volta às raízes em se tratando de sua temática ocultista, mística e mágica, de arte gráfica (um trabalho primoroso de Drew Struzen) e musicalidade idem.

Por vezes “alegre” demais, outras, introspectivo. Ainda assim, vigoroso e eficaz. E é essa mistura de harmonias, sentimentos, climas, alma, progressividade, heavy metal, blues e genialidade que faz de “Sabbath Bloody Sabbath” algo especial. Seu tema título, clássico rapidamente imortalizado, demonstra essa variedade perfeitamente, indo da letargia onírica ao clímax em transe, complementado pelo peso característico, seu riff central alucinante e os berros paranóicos de Ozzy.

“A National Acrobat”, rítmica, empolgante, com todo o charme do blues e o peso do heavy metal fundidos, que se eleva nas vigorosas suítes instrumentais proporcionadas, dotadas de rara pegada e senso melódico e harmônico.

A linda e emotiva instrumental “Fluff”, carregada de tenros arpejos por parte de Tony Iommi consagra-se como uma das composições mais expressivas melódica e sentimentalmente que a banda já fez.

E ainda a deliciosamente bluesy “Sabbra Cadabra”, daquelas que quando você percebe, está dançando igual um louco pela sala, outro clássico que uma vez incorporado ao repertório ao vivo do grupo não saiu mais, fácil de entender pela sensação que causa na platéia, o típico heavy-rock que a banda faz tão bem, dessa vez incrementado pelos lapsos do progressivo.

A ousadia experimental – para se ter uma idéia foram usados percussão, piano, órgão, sintetizadores, mellotrons, flauta, gaita de foles, tímpano, espineta e diferentes tipos de baixo, violão e guitarra – é sentida durante todo o play, mas fica principalmente evidente na faixa “Who Are You?”, lacônica música cantada soturnamente por Ozzy e dona da letra mais “assombrosa” da bolacha.

Não podemos deixar de citar as contribuições de Rick Wakeman, tecladista do Yes, sob o pseudônimo de Spock Wall e que também deixaria sua marca no próximo LP, o “Sabotage”.

Ozzy Osbourne sabidamente não era um músico dos mais apegados á teoria e técnica, mas que intérprete fantástico, que frontman único, que entrega tudo de si á música alcançando resultados inimagináveis com isso, louco, insano, imprevisível e por último, dono de uma voz inimitável, enfim, o homem perfeito para ser "a" cara e "a" voz do heavy metal.

Não que eu não queira, ou que sejam de menor importância, mas não é preciso comentar “Killing Yourself To Live” e “Looking For Today”, dois cultos ao bom gosto, duas pérolas de refino metálico. Descrevê-las é tirar o impacto da descoberta, desnudar o prazer de encontrar algo novo, porque é isso que acontece a cada vez que se ouve “Sabbath Bloody Sabbath”, o típico álbum que a cada nova audição se gosta mais, acha-se coisas novas, detalhes, peculiaridades de uma grande banda. Por isso dê-se ao prazeroso trabalho de descobrir as canções por conta própria e senti-las com a individualidade que é necessária.

Por fim, "Spiral Architect" emociona com sua introdução dedilhada ao violão para depois explodir em técnica e virtuose sadia, se valendo de passagens eruditas, cordas e violinos, no melhor estilo progressivo-setentista, uma das melhores e mais trabalhadas composições do Black Sabbath.

Até os críticos gostaram, eles, metidos e acostumados a serem refinados, eles que sempre detestaram a banda, foram obrigados a se render e derramaram-se em elogios; também pudera, fica difícil achar o que criticar neste material. O álbum acabou sendo o mais vendido da banda desde Paranoid.

Não é um tratado sobre a complexidade, nem tem pretensão de ser, não tem ostentações megalomaníacas e não foi feito para disputar quem é mais rápido ou toca mais difícil, mas quem disse que não há magia e genialidade na pureza?

Simples quando preciso, belo, sutil e agressivo num mesmo espaço, empolga, toca, diverte, encanta. “Sabbath Bloody Sabbath” mostra os mestres se reinventado, produzindo mais uma obra atemporal e influente, fruto da criatividade, técnica e competência que talvez nem os próprios rapazes sabiam que tinham.

Está aí a graça da coisa, o segredo: eram tão espontâneos, sinceros e originais no que faziam, que nenhuma outra banda poderia imitar, de repercussão e importância incalculáveis á época, mas que o tempo se encarregou de imortalizar, criando uma infindável geração de admiradores.

“Sabbath Bloody Sabbath” – que nome fabuloso! Que discaço de heavy metal! Um marco para a banda, um marco para a boa música. Nossos extasiados sentidos agradecem."

(http://whiplash.net/materias/cds/003695-blacksabbath.html)


Ozzy Osbourne (Vocais/Sintetizadores)
Tony Iommi (Guitarras/Violões/Sintetizadores/Piano/Espineta/Flauta/Órgão/Gaita de Foles)
Geezer Butler (Baixo/Sintetizadores/Mellotrons)
Bill Ward (Bateria/Percussão/Tímpano)

Disco e capa em ótimo estado.
Edição Brasileira 1986.
Saindo por R$ 60



sexta-feira, 14 de novembro de 2014

George Harrison - All Things Must Pass (1970)



"George abriu o All Things Must Pass com I’d Have You Anytime, uma faixa que compôs em parceria com Bob Dylan. Entre os integrantes dos Beatles, George sempre foi o maior fã de Bob Dylan, tanto que, quando Dylan lançava um novo trabalho, era George quem o mostrava aos companheiros de banda. Enquanto Dylan se recuperava de um acidente de motocicleta, gravando com o The Band em uma fazenda em Woodstock, George apareceu para visitá-lo, e desde então se tornaram amigos muito próximos. Chegaram a passar um final de semana gravando músicas juntos em 1969, e desse encontro surgiu I’d Have You Anytime.

A faixa 2 é My Sweet Lord, o maior sucesso do disco e de toda a carreira solo de George Harrison. Um ode a Hindu God Krishna, um mantra em louvor a Deus, My Sweet Lord estourou nas paradas do mundo todo. Pouco tempo depois, George foi acionado pela justiça como réu em uma acusação de plágio, pois My Sweet Lord era incrivelmente semelhantes a He’s So Fine, sucesso do The Chiffons em 1963. Harrison argumentou no tribunal que teve a centelha para My Sweet Lord após ouvir a famosa canção Oh Happy Day nas vozes do The Edwin Hawkins Singers, mas foi condenado pelo plágio a ceder parte dos royalties das vendas de All Things Must Pass aos Chiffons. Alguns anos mais tarde, George compôs This Song, uma música que debochava do julgamento, com um videoclipe que simulava um tribunal. Vale lembrar que, aproveitando a publicidade do caso, os Chiffons também gravaram My Sweet Lord.

Na seqüência tem Wah Wah, outra grande faixa do disco, e Isn’t It a Pity, composta por George em 1968 durantes as sessões de gravação do White Album dos Beatles. Rejeitada por John e Paul, acabou sendo o lado B do compacto My Sweet Lord.

O lado 2 inicia com What is Life, outro clássico que se tornou o segundo single do álbum. Na faixa, George é acompanhado por Eric Clapton e seu grupo na época, o Derek and The Dominos, além de Peter Ham e Tom Evans, da banda Badfinger. A próxima canção é If Not For You, de Bob Dylan. Dylan acabara de lançar a música no álbum New Morning e, ao mostra-la a George, este também quis grava-la. A faixa acabou fazendo sucesso em 1970 tanto com Dylan como com Harrison, e no ano seguinte voltou as paradas na voz de Olívia Newton John. Nos créditos do disco não consta quem gravou a harmônica na música, mas o baterista Alan White declarou em entrevistas que quem tocou foi John Lennon, que estava no estúdio ao lado gravando o disco Plastic Ono Band. O segundo lado tem prosseguimento com Behind That Locked Door, composta em homenagem ao amigo Bob Dylan, Let It Down, outra faixa rejeitada pelos Beatles, e Run of the Mill.

O lado 3 trás mais cinco faixas, começando pela linda Beware of Darkness, seguida de Apple Scruffs, nome que os Beatles davam aos seus admiradores mais fanáticos e groupies que faziam vigília em frente a Apple Records e Abbey Road Studios, Ballad of Sir Frankie Crisp (Let It Roll), inspirada no proprietário original da mansão de George, Awaiting on You All e a faixa título. All Things Must Pass chegou a ser gravada pelos Beatles durante as Get Back Sessions, mas acabou preterida, somente vindo a tona no álbum Anthology vol. 3.

O quarto lado do disco trás as faixas I Dig Love, Art of Dying, recusada por John e Paul em 1966, Isn’t It a Pity (Version 2) e Hear Me Lord, que encerraria oficialmente o disco, se for levar em conta que os lados 5 e 6 são compostos por jam sessions instrumentais gravadas durante as sessões do álbum em si.

O terceiro vinil, chamado de Apple Jam, abre com Out of The Blue, com os Derek and The Dominos, George, Jim Price, Bobby Keys, Gary Wright e Al Aronowitz fazendo uma jam com mais de onze minutos de duração. Segue It’s Johnny Birthday, com menos de um minuto de duração, feita por George, Ringo e Mal Evans para presentear John Lennon em seu aniversário. O lado 5 encerra com Plug Me In, com George, Clapton, Derek and The Dominos e Dave Mason (guitarrista do Traffic).

O sexto e último lado do disco traz I Remember Jeep, com George, Clapton, Ginger Baker (Cream) e Klaus Voorman, e Thanks for The Pepperoni, interpretada pela mesma formação de Plug Me In.

O disco contou com George, Clapton e Dave Mason nas guitarras (Peter Frampton também, embora não creditado); Ringo Starr, Jim Gordon (Derek and The Dominos) e Alan White nas baterias; Klaus Voorman e Carl Radle (Derek and The Dominos) nos baixos; Gary Wright, Bobby Whitlock (Derek and The Dominos), Billy Preston e Gary Brooker (Procol Harum) nos teclados; Pete Drake no pedal steel guitar, Jim Price no trompete e Bobby Keys no saxofone, além do grupo Badfinger e do jovem percussionista Phil Collins, que tocou na faixa Art of Dying.

Klaus Voorman, Ringo Starr e Alan White (futuro baterista do Yes) se revezavam gravando o disco de George e o disco de John Lennon no estúdio ao lado. White afirma que é John Lennon quem toca gaita de boca em If Not For You e Apple Scruffs."

(http://whiplash.net/materias/cds/116230-georgeharrison.html)


Data de Lançamento:
27 de novembro de 1970


 

Lado A
1 – I’d Have You Anytime (2:56)
2 – My Sweet Lord (4:38)
3 – Wah-Wah (5:35)
4 – Isn’t It a Pity [versão 1] (7:08)

Lado B
5 – What Is Life (4:22)
6 – If Not for You (3:29)
7 – Behind That Locked Door (3:05)
8 – Let It Down (4:57)
9 – Run of the Mill (2:49)

Lado C
10 – Beware of Darkness (3:48)
11 – Apple Scruffs (3:04)
12 – Ballad of Sir Frankie Crisp (Let It Roll) (3:46)
13 – Awaiting on You All (2:45)
14 – All Things Must Pass (3:44)

Lado D
15 – I Dig Love (4:55)
16 – Art of Dying (3:37)
17 – Isn’t It a Pity [versão 2] (4:45)
18 – Hear Me Lord (5:46)

Lado E
19 – Out of the Blue (11:14)
20 – It’s Johnny’s Birthday (0:49)
21 – Plug Me In (3:18)

Lado F
22 – I Remember Jeep (8:07)
23 – Thanks for the Pepperoni (5:31)

Créditos
George Harrison: vocais, guitarra, harmonica, produção
Baixo: Carl Radle, Klaus Voormann
Guitarra: Dave Mason, Eric Clapton, John Lennon, Peter Frampton
Bateria e percussão: Alan White, Ginger Baker Jim Gordon, Phil Collins e Ringo Starr
Teclados: Billy Preston, Bobby Whitlock, Gary Wright, Gary Brooker
Pedal Steel Guitar: Pete Drake
Saxofone: Bobby Keys
Trompete: Jim Price
Harmonica: John Lennon
Arranjos orquestrais: John Barham
Engenheiro: Ken Scott e Phil McDonald
Produção: Phil Spector

Faixas 1 e 6 compostas com Bob Dylan

Posição nas paradas
EUA: 1º lugar (Billboard), tendo permanecido por 38 semanas no Top 200.
RU: 1º lugar (UK Albums Chart), tendo permanecido 24 semanas do Top 200.

Texto publicado originalmente no site de (anti)jornalismo (contra)cultural Os Armênios.
http://www.osarmenios.com.br


Discos (caixa tripla) em ótimo estado.
Caixa com reforço (fita preta) nas bordas e alguns riscos à caneta - vide foto.
Edição Brasileira 1971.
Saindo por R$ 250

(Small) Faces - First Step (1970)



"Small Faces were near-overnight superstars in their native England, releasing a string of exciting mod era records that show the group's focus transition from hard-edged R&B to introspective psychedelia. Nearly all their singles and albums were big hits in the U.K., and nearly all floundered in the U.S., when released at all. Other than the Top 20 success of "Itchycoo Park," the band hit the Billboard Top 100 only one other time, when "Tin Soldier" scraped into the lower reaches.

Despite their success at home, and at least partly due to their teen idol image, as well as some unscrupulous management/record company shenanigans, the band was left without a frontman when singer-guitarist Steve Marriott decamped in early 1969 to form Humble Pie.

In one of the more happy reinventions in rock history, the remaining trio -- drummer Kenney Jones, keyboardist Ian McLagan and bassist Ronnie Lane -- found themselves both another larynx-shredding lead singer and another lead guitarist to boot when former Jeff Beck Group members Rod Stewart and Ron Wood joined the band. They re-dubbed themselves Faces and started anew in a back to basics rock/R&B/folk direction.

Despite Small Faces' relative lack of success in the U.S., their new record company, Warner Brothers, insisted the band continue to be called by that name! So that's why the first Faces LP, 1970's First Step, was released as a Small Faces album. At least, sort of: While the U.S. covers have continued to use Small Faces into the CD era, the LP label print was more wishy-washy, and can be found listing either name -- in some cases, such as on the copy I have, the name is actually both ways on the label! This is probably more information than anyone needs to know about the situation, which ended in the States by the time of their next LP.

First Step has been a longtime favorite just for "Flying," which may be my favorite Rod Stewart song. Other highlights include Lane's jaunty folk number "Stone" and the trashy rocker "Three Button Hand Me Down." The album overall is sort of a laid-back affair, with the group not afraid to throw in a few instrumental jams and acoustic numbers. But it's also tightly played, not necessarily an expected hallmark of a group remembered for being boozy, lackadaisical rockers working the rootsy libertine territory of fellow travelers The Rolling Stones.

Considering the Faces had something to prove following the departure of Marriott, the serious nature of First Step makes perfect sense. The group's organ/electric piano-anchored sound tends to remind me more of Booker T & the MGs more than it does the Stones anyway.

The Faces recorded three more studio albums following First Step before dissolving in the middle of the '70s. Various versions of the band have resurfaced since, including a late '70s Marriott-led (but Lane-less) incarnation, and a current tour featuring Wood, Jones and McLagan augmented by former Simply Red singer Mick Hucknall and former Sex Pistol Glen Matlock. Following Faces, Wood and McLagan were absorbed into the Rolling Stones universe, where Wood has remained; McLagan has lived and gigged regularly in Austin, Texas, since the mid-'90s. Kenney Jones drummed for The Who, The Law and various other bands and sessions. Original bassist Ronnie Lane died in 1997, after struggling with multiple sclerosis for many years.

And, of course, Rod the Mod was a superstar by the time Faces dissolved. Stewart launched his own solo recording career around the same time as he and Wood joined Faces. His own discs usually featured contributions from Wood and the other Faces, as well as working somewhat in the same musical territory, often with more of an acoustic country/folk bent. His third solo LP Every Picture Tells a Story ended up far eclipsing the commercial success of Faces, a level at which Stewart has remained pretty much ever since. (Warner Brothers, 1970)"

(http://www.isthmus.com/daily/article.php?article=33998)




 

Disco e capa (dupla) em ótimo estado.
Importado USA.
Edição Original 1970.
Saindo por R$ 80

Deep Purple - in Rock (70)



"Embora tenha passado por diversas formações ao longo de sua existência, o Deep Purple sempre contou com músicos virtuosos em suas fileiras, que desde o início asseguraram excelente qualidade aos seus trabalhos. Porém seus primeiros álbuns não emplacaram, talvez devido ao fato de haver uma certa indefinição quanto ao direcionamento musical à ser adotado. Seus três primeiros discos continham uma mescla de material próprio com covers executadas de uma forma um tanto classicosa (influenciados pelo Vanilla Fudge), graças à liderança musical exercida pelo tecladista Jon Lord, liderança esta que culminaria no "Concert For Group And Orchestra", um dos primeiros álbuns à juntar uma banda de Rock com uma Orquestra Sinfônica.

Porém somente com o lançamento do "In Rock" em junho de 1970 que o Purple finalmente encontrou a fórmula do sucesso e ao mesmo tempo inscreveu seu nome com destaque nos cânones roqueiros; de fato este disco se tornou um álbum seminal não somente para a carreira do grupo mas também para a história do Rock, influenciando tanto bandas contemporâneas quanto outras que vieram depois.

Logo à primeira audição percebe-se uma ênfase maior na guitarra de Blackmore, que até então havia ficado um pouco à sombra dos teclados de Jon Lord; outro fato é que resolvem aderir de vez ao hard-rock tocado no volume máximo, como disse Roger Glover: "Se tivesse que escolher uma imagem para nos simbolizar neste álbum, seria a dos medidores do VU estarem sempre à direita, na faixa vermelha, durante as gravações". Porém isto não significa que Jon houvesse arrefecido em sua contribuição ao grupo; ao contrário, um dos méritos da banda foi justamente a elaboração de faixas ricamente arranjadas, criando um som com passagens "viajantes" e ao mesmo tempo "pesadas". Para isto contribuía não somente as intervenções de Jon, mas também o baixo preciso de Roger Glover, a bateria de Ian Paice, a guitarra de Blackmore (que criou uma verdadeira escola com seu estilo "escaleiro" de tocar), e os vocais de Ian Gillan - um dos pontos altos é "Child In Time", no qual ele demonstra porquê é considerado um dos melhores vocalistas da história do Rock.

Ao contrário de grande parte de seus contemporâneos, que adotavam temáticas sobrenaturais/esotéricas ou "cabeça", a grande maioria de suas letras eram descompromissadas, deliciosamente inconseqüentes e bem humoradas, vide "Speed King" que enaltece a velocidade ou "Living Wreck" (Você disse que era uma virgem/cheia de promessas e mistérios/mas eu sei que você/vai me encrencar/pois todo mundo diz que você é uma puta...).

Seus concertos tornaram-se bastante concorridos, pois costumavam fazer longas jams nos quais os músicos mostravam sem nenhum pudor toda sua técnica, seguindo à risca a escola criada pelo Cream um pouco antes.

Nos anos subseqüentes passam por muitas crises, mudanças de formação, direcionamento musical (tal qual grande parte das bandas inglesas da época resolvem aderir à influência soul), acabando por se separar no final da década de 70, retornando somente na década seguinte. Apesar de tudo gravaram mais alguns excelentes álbuns, dentre eles o Machine Head - mas isso é assunto para outra Discografia Básica..."

(http://whiplash.net/materias/cds/003187-deeppurple.html)

Track List:
Speed king (curiosamente algumas edições em vinil omitiam parte da introdução)
Bloodsucker
Child in time
Flight of the rat
Into the fire
Living wreck
Hard lovin' man

Ritchie Blackmore (guitarra)
Ian Gillan (vocais)
Roger Glover (baixo)
Jon Lord (teclados)
Ian Paice (bateria)

Disco e capa em ótimo estado.
Edição Brasileira 1985.
Saindo por R$ 40

Lula Cortes e Zé Ramalho - Paêbirú (1974)


Agreste Psicodélico
A trilha em busca das origens de Paêbirú, o disco maldito de Lula Côrtes e Zé Ramalho, hoje o vinil mais caro do Brasil


No dia 29 de dezembro de 1598, os soldados liderados pelo capitão-mor da Paraíba, Feliciano Coelho de Carvalho, encalçavam índios potiguares quando, em meio à caatinga, nas fraldas da Serra da Copaoba (Planalto de Borborema), um imponente registro de ancestralidade pré-histórica se impôs à tropa. Às margens do leito seco do rio Araçoajipe, um enorme monólito revelava, aos estupefatos recrutas, estranhos desenhos esculpidos na rocha cristalina.

O painel rupestre se encontrava nas paredes internas de uma furna (formada pela sobreposição de três rochas), e exibia, em baixo-relevo, caracteres deixados por uma cultura há muito extinta. Os sinais agrupavam-se às representações de espirais, cruzes e círculos talhados, também, na plataforma inferior do abrigo rochoso.

Inquietado com a descoberta, Feliciano ordenou minuciosa medição, mandando copiar todos os caracteres. A ocorrência está descrita em Diálogos das Grandezas do Brasil, obra editada em 1618. O autor, Ambrósio Fernandes Brandão (para quem Feliciano Coelho confiou seu relato), interpretou os símbolos como "figurativos de coisas vindouras". Não se enganara. O padre francês Teodoro de Lucé descobriu, em 1678, no território paraibano, um segundo monólito, ao se dirigir em missão jesuítica para o arraial de Carnoió. Seus relatos foram registrados em Relação de uma Missão do rio São Francisco, escrito pelo frei Martinho de Nantes, em 1706.

Em 1974, quase 400 anos depois da descoberta do capitão-mor da Paraíba, os tais "símbolos de coisas vindouras" regressariam. Dessa vez, no formato e silhueta arredondada de um disco de vinil. A mais ambiciosa e fantástica incursão psicodélica da música brasileira - o LP Paêbirú: Caminho da Montanha do Sol, gravado de outubro a dezembro daquele ano por Lula Côrtes e Zé Ramalho, nos estúdios da gravadora recifense Rozemblit.

Contar a história do álbum, longe da amálgama das pessoas, vertentes sonoras e, especialmente, da chamada Pedra do Ingá que o inspirou, é impossível. Irônico é que o LP original de Paêbirú também tenha se convertido em "achado arqueológico", assim como a pedra, 33 anos depois de seu lançamento. As histórias sobre a produção do disco, como naufragou na enchente que submergiu Recife, em 1975 e, por fim, se salvara, são fascinantes.

A prensagem de Paêbirú foi única: 1.300 cópias. Mil delas, literalmente, foram por água abaixo. A calamidade levou junto a fita master do disco para que a tragédia ficasse quase completa. Milagrosamente a salvos ficaram somente 300 exemplares. Bem conservado, o vinil original de Paêbirú (o selo inglês Mr Bongo o relançou em vinil este ano) está atualmente avaliado em mais de R$ 4 mil. É o álbum mais caro da música brasileira. Desbanca, em parâmetros monetários (e sonoros: é discutível), o "inatingível" Roberto Carlos. O Rei amarga segundo lugar com Louco por Você, primeiro de sua carreira, avaliado na metade do preço do "excêntrico" Paêbirú.

A expedição no rastro dos mistérios e fábulas de Paêbirú se inicia em Olinda (Pernambuco). O artista plástico paraibano Raul Córdula me recebe em seu ateliêr. Na parede do sobrado histórico, uma cobra pictográfica serpenteia no quadro pintado por ele. A insígnia foi decalcada da mesma inscrição que, há milênios, permanece entalhada na Pedra do Ingá.

No mesmo ano de Louco por Você, 1961, o professor de geografia Leon Clerot apresentou o monumento a Córdula. O professor fizera o convite: "Me acompanhe, e verás algo que jamais se esquecerá". Uma década depois, 1972, Raul Córdula se tornou amigo de José Ramalho Neto, o jovem Zé Ramalho da Paraíba. Os conterrâneos se conheceram no bar Asa Branca, que Córdula tinha na capital, João Pessoa: "O único boteco que ficava aberto na Paraíba inteira depois das oito horas da noite, à base de 'mensalão' pago à polícia". O Zé Ramalho compositor, atesta, nascera no Asa Branca.

Córdula quis mostrar a Ramalho "algo que conhecera", e organizou uma ida ao município de Ingá do Bacamarte, localidade conhecida antigamente como Vila do Imperador, por causa da passagem de Dom Pedro II por lá. A localização de Ingá do Bacamarte é a 85 km de João Pessoa, caatinga litorânea, na zona de transição do Agreste para o Sertão. Para "fazer a viagem", Córdula também convidou o artista recifense Lula Côrtes - jovem homem que já vivera muitas aventuras. Mas aquela, proposta por Raul, ainda não.

Nenhuma surpresa foi para o guia o fato de Côrtes e Ramalho ficarem tão maravilhados com a rocha lavrada quanto os expedicionários do capitão-mor da Paraíba. A charada talhada na parede de pedra lançava-lhes o provocante desafio: como decifrariam tais arcanos - nunca compreendidos e tão majestosos - numa música que, se não codificasse, ao menos devesse tributar à remota ancestralidade brasileira? Fora essa a centelha que incendiara as idéias. Acampados na caatinga sertaneja, frente a frente com a Pedra do Ingá, Ramalho e Côrtes se decidiram pela produção de um "álbum conceitual".

O único jeito de conhecer lula Côrtes é ir visitá-lo no seu habitat: o ateliêr em Jaboatão dos Guararapes. "A Pátria Nasceu Aqui", divulga a enorme placa na divisa com a capital, Recife. O apartamento onde mora, pinta e compõe com a atual banda, Má Companhia, tem vista frontal para o Oceano Atlântico.

É no primeiro apertar de mão que Côrtes deixa patente quem é: "espírito indômito". Solta a frase para se pensar: "O mar e eu somos uma coisa só desde menino". Aos 60 anos, sua voz é profunda e roufenha. A cabeça alva, um dia revestida de pretos cabelos mouriscos. E a magra, porém resistente, compleição física remete ao obstinado homem de O Velho e o Mar. Lula tem o velho de Ernst Hemingway, entretanto, como "altruísta demais". Mais impressionado ficou com o nietzscheniano capitão Lobo Harsen, de O Lobo do Mar, romance de Jack London. Os arquétipos marítimos de London, de fato, combinam mais com ele: "Nasci à beira do mar. Ele me despertou para o cumprimento das fantasias. Nele, um dia, cacei baleias", conta, jubiloso.

É esse homem que segue narrando a mais homérica jornada de sua vida, até agora: a concepção do álbum Paêbirú. Guiados pelo parceiro mais velho, Raul Córdula, Zé Ramalho e Lula Côrtes, recém-amigos, logo de cara perceberam a fantástica mística que as inscrições da Pedra do Ingá exerciam sobre a população às cercanias do sítio arqueológico.

Foi por intermédio da arquiteta, hoje cineasta, Kátia Mesel, sua companheira na época, que Lula Côrtes veio a conhecer Zé Ramalho. Junto, o casal abriu o selo Abrakadabra, pioneiro na produção de música independente no Brasil. A "sede" do selo ficava nas dependências de um prédio pertencente ao pai de Kátia, que, nos tempos da escravatura, fora uma senzala de escravos.

Para se mergulhar na saga de produção que foi Paêbirú, é obrigatório antes se falar da simplicidade do instrumental Satwa - o álbum gerido, um ano antes, por Côrtes e o violonista Lailson de Holanda.

É o début do selo Abrakadabra. Lula faz a estréia fonográfica da sua cítara popular marroquina, o tricórdio, instrumento que trouxera da recente viagem ao Marrocos com Kátia. Em Satwa, o violão nordestino de 12 cordas de Lailson dialoga em perfeita legibilidade com o linguajar oriental do tricórdio de Lula. É, provavelmente, o encontro mais fino entre o folk e a psicodelia do qual se tem registro gravado na música brasileira.

Lailson, premiado cartunista, traduz: "Satwa é expressão do sânscrito: quer dizer 'interface e equilíbrio'". Em 2005, a norte-americana gravadora Time-Lag Records reeditou Satwa, a partir da master original. Só o nome, na realidade, foi remodelado: Satwa World Edition. Como previsto, a edição esgotou como mágica.

Após Satwa, Lula tinha aprimorado suas concepções musicais. Achava-se apto para o grande projeto que andara tramando com o parceiro Zé Ramalho desde a visita à "pedra encantada". Não perderam tempo e investiram em sérias pesquisas nas imediações. Eles caçavam a interpretação local, folclórica, mitológica sobre o admirável monólito escrito.

Nas adjacências vivia um grupo de índios cariris. Os músicos foram até eles, atrás da peculiaridade do seu tipo de música. Ouvindo, descobriram que os traços de uma cultura africana tinham se fundido à sonoridade dos indígenas.

Se fundamentado em registros arqueológicos, Zé Ramalho e Lula Côrtes concordaram que, a partir daquele ponto, haveria um caminho, que partia de São Tomé das Letras (onde existem registros da mesma escrita rupestre traçada na Pedra do Ingá) e conduzia até Machu Picchu, no Peru. A trilha que os Cariris chamavam de "Peabirú".

Chegar à mística Pedra do Ingá, hoje em dia, é fácil. Seguindo pela BR 101, no trecho Recife - Paraíba, as condições de tráfego são admissíveis, mesmo sem via duplicada. Pela estrada federal, as pequenas localidades vão se cruzando: Abreu e Lima, Goiana, Itambé, Jupiranga, Itabaiana, Mojeiro. Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a Pedra do Ingá (Pedra Lavrada, ou Itaticoara) é um dos sítios arqueológicos mais soberbos do mundo. O arqueólogo Vanderley de Britto, da Sociedade Paraibana de Arqueologia, já aguarda, no local, minha chegada.

Segundo ele, as inscrições são originárias de sociedades pré-históricas, nativos anteriores aos encontrados no Brasil pelos europeus. "Certamente, essas gravuras" , diz, apontando o imenso painel de rocha, "são obra de sacerdotes ou pajés. Visavam ritos mágico-religiosos que visavam sortilégios para tribo", Brito explica, com sua proficiência.

Próximo à pedra, sem ter de tocá-la, o arqueólogo continua sua explanação: "As representações registram o canto mágico solfejado pelos sacerdotes nas cerimônias", prega. A pedra, na opinião do arqueólogo, seria, para os nativos, um "meio de comunicação" com os deuses (ou deusas) da natureza. A estimativa da ciência é a de que as gravações já estejam ali por volta de três a seis mil anos. "Datação exata não é possível, porque o monólito está em meio ao riacho", esclarece o professor. Vestígios, por ventura, deixados pelos gravadores, ao cinzelar a pedra, foram arrastados no trespassar das águas do ancião Araçoajipe.

Dinossauros, o arqueólogo também confirma, habitaram a região. A probabilidade - nada prosaica - de me banhar no regato que, num dia qualquer da pré-história um tiranossauro rex sorvera metros cúbicos de água, passa agora de jornalismo a uma aventura que, com prazer, obrigo-me pôr em prática.

A água é morna. A sensação, arrepiante. "Animais de grande porte, como a preguiça e o tatu-gigante, no período mezosóico, habitaram a região: mastodontes, cavalos nativos e outros mega-animais também circulavam por aqui", ele lembra. Submerso na tepidez do plácido regato pré-histórico, um túnel do tempo dentro de minha cabeça fazia a imaginação vagar por mundos arcaicos desaparecidos na vastidão temporal.

De frente para o mar, lula Côrtes gosta de acreditar na epopéia interplanetária narrada em "Trilha de Sumé", a abertura de Paêbirú. "As gravações na Pedra do Ingá foram feitas com raio laser mesmo", afiança o artista, que cantarola a introdução da música, o alinhamento dos planetas: "Mercúrio/Vênus/Terra/Marte/Júpiter/Saturno/Urano/Netuno e Plutão". Os versos seguintes cantam a saga de Sumé, "viajante lunar que desceu num raio laser e, com a barba vermelha, desenhou no peito a Pedra do Ingá".

A cada descoberta que faziam com suas explorações, Côrtes e Ramalho notavam, na variedade de lendas, que todas eram sobre Sumé - entidade mitológica que teria transmitido conhecimentos aos índios antes da chegada dos colonizadores. "Todos os indícios levavam a Sumé. Até as palmeiras da região, por lá, são chamadas de 'sumalenses'", observa Lula.

Para "libertar" os indígenas da crença pagã, os jesuítas pontificaram Sumé como "santidade": virou São Tomé. O que explica, no Nordeste, o fato de muitos lugarejos terem sido batizados de São Tomé. "Aqui é o lugar de São Tomé!", os padres costumavam anunciar, ao chegar numa região nova.

Na Paraíba, resta uma cidade chamada Sumé. "Seja lá quem tenha sido Sumé, o que mais se sabe, no entanto, é que muito andou por essas bandas", brinca Raul Córdula. A despeito da evangelização católica, a memória do Sumé indígena segue viva em todo o Nordeste.

A crença indígena diz que, quando o pacifista Sumé se foi embora, expulso pelos guerreiros tupinambás daquelas terras, deixou uma série de rastros talhados em pedras no meio do caminho. Os índios acreditam que Sumé teria ido de norte a sul, mata adentro, descerrando a milenar trilha "Peabirú" - em tupi-guarani, "O Caminho da Montanha do Sol".

O historiador Eduardo Bueno, que passou anos de sua vida "veraneando" na praia de Naufragados, no sul da ilha de Santa Catarina, conta que tomou conhecimento da trilha lendo a aventura de Aleixo Garcia, o qual, após um tempo vivendo naquela praia, fora informado da existência de uma "estrada indígena" que conduzia até o Peru.

Após muitos verões chuvosos contemplando o lugar de onde o bravo Garcia havia partido em sua jornada épica, Bueno decidiu acompanhá-lo - mas na mente: "Mergulhei em todas as fontes que traziam relatos de sua viagem. Ficção não era. Tais fontes, embora, eventualmente, contraditórias entre si, eram da melhor qualidade". O resumo mais interessante da história, diz, é o que define Peabirú como "um ramal da majestosa Trilha Inca, que ligava Cuzco a Quito e, por sua vez, outra corruptela - de 'Apé Biru'". Em tupi-guarani, Apé significa "caminho", ou "trilha", e Biru é o nome original do Peru. Portanto, Peabirú significaria "Caminho para o Peru".

Havia três inícios principais desse caminho: um, partindo de Cananéia (litoral sul de São Paulo) e, outro, da foz do rio Itapucu, nas proximidades da ilha de São Francisco do Sul (litoral norte de Santa Catarina). Um terceiro saia da Praça da Sé, em São Paulo, seguia pela rua Direita, dava na Praça da República, subia a Consolação, descia a Rebouças, cruzava o Rio Pinheiros e... chegava no Peru. "Fico pensando porque nos roubaram o prazer de desfrutar essa história no colégio", brinca Bueno. "Pensando bem, não foi esse o único prazer que nos roubaram, foi?"

Muitas vezes procurado, Zé Ramalho declarou que "não quer mais falar sobre o assunto Paêbirú" - para ele, encerrado. Em algumas entrevistas, no entanto, coteja Paêbirú à Tropicália. Um dos comentários é sobre o jeito artesanal, "como se costurado à mão", que o álbum foi feito.

Agendo uma "audição comentada" de Paêbirú no ateliêr de Lula Côrtes. Enquanto, pacientemente, pinta o quadro de um farol, vai me explicando como tornaram possível (e viável) a engenhosa gravação do disco. O álbum - duplo - é dividido em quatro lados, de acordo com os elementos Terra, Ar, Fogo e Água.

Em "Terra", o resultado "telúrico" foi conseguido com tambores, flautas em sol e dó, congas e sax alto. "Simulamos, com onomatopéias, 'aves do céu', 'pássaros em vôo' e adicionamos o berimbau, além do tricórdio", ele conta. Contrariando a prática dos "encartes vazios", a gama de instrumentos utilizados está descrita na ficha técnica de Paêbirú.

Efeitos de estúdio, nem pensar: "Só havia as pessoas, vozes e instrumentos", comenta o artista. Certos efeitos, como o rasgar da folha de um coqueiro, por exemplo, muitos pensaram serem eletrônicos.

No lado "Ar", além de "conversas", "risadas" e "suspiros", selecionaram-se harpas e violas sopros para músicas como "Harpa dos Hares", "Não Existe Molhado Igual ao Pranto" e "Omm". Em "Água", as músicas têm fundo sonoro de água corrente. No mesmo lado, cantos africanos, louvações à Iemanjá e a outras entidades representativas do elemento. Na mais dançante, o baião lisérgico "Pedra Templo Animal", Lula Côrtes toca "trompas marinhas". Zé Ramalho pilota o okulelê.

"Fogo", como adverte o nome, é a faceta incendiária de Paêbirú. A mais roqueira também. Entram sons trovejantes: o wha-wha distorcido do tricórdio e a psicopatia do órgão Farfisa em "Nas Paredes da Pedra Encantada". "Raga dos Raios" conserva-se, mais de 30 anos depois, como a melhor peça de guitarra fuzz gravada no rock nacional: "Guitarreira elétrica & nervosa de Dom Tronxo", diz a ficha técnica. Onde andará Dom Tronxo?

O encarte sofisticado de Paêbirú é obra de Kátia Mesel. Além de designer, ela fez a produção executiva do álbum. "São mais de 20 pessoas tocando no disco - basicamente, toda a cena pernambucana e boa parte da paraibana", a cineasta enumera.

O disco só deu certo, na opinião de Kátia, porque foi feito com a alma e a criatividade soltas. "Num estúdio de dois canais, baby? Era o playback do playback do playback! A gente se consolava: 'Se os Stones gravaram na Jamaica em dois canais, por que a gente não?' Em 'Trilha de Sumé', Alceu Valença toca pente com papel celofane. [O disco] tem desses requintes", graceja.

Foi o zelo de Kátia, na realidade, que garantiu o salvamento de 300 cópias de Paêbirú da enchente de 1975. Ela guardara parte da tiragem na Casa de Beberibe, onde o casal morava - o ambiente em que muitas canções foram, gradualmente, tomando forma. "A sorte é que eu tinha deixado os discos no andar de cima. São esses que, atualmente, valem uma fortuna mundo afora", pontua Kátia.

Naquele tempo, Ramalho praticamente morava com o casal na Casa de Beberibe. A concepção gráfica do álbum foi obtida após muitas idas do trio à Pedra do Ingá. Na verdade, um quarteto, já que o irmão de Kátia, o fotógrafo Fred Mesel, seguia junto em algumas viagens. "Eu filmava em Super 8 e Fred tirava fotos da pedra com filme infravermelho", ela conta. A técnica fotográfica explica a tonalidade azul-cítrica da capa e da parte interior de Paêbirú.

Especial atenção foi dada à ficha técnica. No encarte central, fotos de todas as pessoas que participaram das gravações. Um detalhe é que todos os títulos foram montados à mão, um a um, em letra set. A diferença é que, a essa altura, Kátia era mais experiente: além de Satwa, também produzira a arte do único álbum de Marconi Notaro, No Sub Reino dos Metazoá-rios (1973). "Para lançar Paêbirú, criamos o selo Solar", acrescenta.

As substâncias psicodélicas, obviamente, foram muito importantes durante o processo de composição. Para Lula Côrtes, no entanto, só de estar perto da Pedra do Ingá, é possível sentir o xamanismo emanando do monumento rochoso: "Comíamos cogumelos mais como 'licença poé-tica mental'", justifica o artista.

Crosby, Stills and Nash, T-Rex, Captain Beefheart, Grand Funk Railroad e The Byrds eram as bandas mais ouvidas pelo grupo na época. Em meados da década de 1970, a maquiagem do glitter rock já estava borrada e, nos Estados Unidos, a semente punk aflorava nos buracos sujos de Nova York. A disco music ensaiava os primeiros passos de dança. Psicodelia, no mundo, era coisa ultrapassada: encapsulara-se nos remotos anos 60.

Zé da Flauta tinha 18 anos quando conheceu Lula e Kátia. No auge da repressão, a Casa de Beberibe era o templo da liberdade e da contracultura. "Aprendi muito sobre arte. Lá se conversava sobre tudo, inclusive se fumava muita maconha", confirma Zé. Ele tocou sax na vigorosa "Nas Paredes da Pedra Encantada". "Jamais me esquecerei, aliás: foi a primeira vez que entrei num estúdio e gravei profissionalmente como músico."

Outro que teve "participação relâmpago" foi o paraibano Hugo Leão, o Huguinho. Ele vinha das bandas The Gentlemen e os Quatro Loucos, nas quais Zé Ramalho tocava guitarra. Ramalho o chamou para participar como tecladista do "ousado projeto". Sua atuação ficou imortalizada no disco. São dele os riffs de órgão Farfisa em "Nas Paredes..."

Para assumir a bateria, Ramalho recrutou Carmelo Guedes, outro parceiro seu nos Gentlemen. A mágica, lembra Huguinho, começou logo que entraram no estúdio. As bases foram criadas na hora, como num susto: "Cravei um tom maior: Mi! O sonho começara. Os segredos da Pedra do Ingá, finalmente, pareciam que seriam desvendados. A guinada sonora ainda ecoa pelo espaço", acredita.

Em minha jornada, sigo para a capital paraibana. Em João Pessoa, Telma Ramalho, a prima mais jovem de Zé Ramalho, diz não esquecer uma passagem da pré-adolescência: a mãe, Teresinha de Jesus Ramalho Pordeus, professora de História, conversava com o sobrinho em seu escritório: "Zé contava a ela como se desenrolavam as gravações de Paêbirú".Uma lembrança viva é ter ouvido o disco aos 12 anos: "Não entendi nada. Só lembro de 'Pedra Templo Animal' e 'Trilha de Sumé', as mais pop", diverte-se.

Outra memória é ter apresentado uma réplica da Pedra do Ingá na feira de ciências do colégio. A trilha sonora foi Paêbirú. "Levei a vitrolinha e botei para rodar." Telma faz a contundente revelação: "Tive caixas de Paêbirú em casa. Uma verdadeira fortuna cultural e financeira".

Para Cristhian Ramalho, filho de Zé Ramalho e afilhado de Lula Côrtes, Paêbirú também tem significação especial: "Meu pai me levava à Pedra do Ingá quando criança. Ele ia para achar inspiração". Sem dúvida, diz Cristhian, Paêbirú e a Pedra ainda exercem influência sobre a sua obra. "Em 1975, ele escreveu uma poesia muito bonita, que diz: 'Venho de uma dessas pedras rolantes'. Houve, por parte dele, grande misticismo envolvido na minha chegada", conta, orgulhoso, o filho.

Uma das pessoas que, na época do lançamento, compraram o álbum foi a arquiteta Terêsa Pimentel. Aos 14 anos, em 1974, ela não sabia ao certo o que procurava na sua vida. Apesar disso, sabia "o que não queria". "Ouvíamos os locais: Ave Sangria, Marconi Notaro, Flaviola & O Bando do Sol, Aristides Guimarães, o 'udigrudi' nordestino. Vendi minha bicicleta Caloi verde-água para comprar Paêbirú. Hoje, sou feliz por ter vendido a bicicleta e ter adolescido naquela atmosfera", conta. Terêsa é irmã do músico Lenine, ao qual Lula Côrtes presenteou com sua última cópia de Paêbirú, há alguns anos. "Para tirar uns samplers", diz Lula.

De Jaboatão dos Guararapes, eu e Lula seguimos para a casa de Alceu Valença, no centro histórico de Olinda. Lula bate à porta do casarão. Festa quando Valença cruza o amplo saguão para saudar Lula, velho parceiro em Molhado de Suor, um dos seus primeiros discos.

"A gente tocou em 'Danado para Catende', que depois virou 'Trem de Catende'", Alceu conta. "Até então Lula só compunha, mas não cantava. Fiz a cabeça do pessoal da Ariola: 'O cara é o máximo!' Na gravadora, ninguém tinha a menor idéia de quem era o cara, muito menos que fizera algo como Paêbirú."

Souberam, no entanto, quando o álbum Gosto Novo da Vida, de Lula Côrtes, foi premiado como "a melhor venda do ano da gravadora Ariola", em 1981. Em três meses, vendeu 32 mil cópias. Depois, teve sua reedição emperrada por causa de um processo movido pela Rozemblit, que alegava plágio em uma música.

"Foi o primeiro artista que vi fumar no palco, no Teatro João Alcântara", diz Alceu.

Ambos riem. Lula acende um cigarro.

"Participei de Paêbirú. Dei uns gritos lá", resume Alceu.

"Foi na reza de 'Não Existe Molhado Igual ao Pranto'", Lula emenda.

"O estúdio da Rozemblit tinha acústica maravilhosa. Era o ambiente mais natural possível: cheguei e fui me deitando num canto. A banda tocava. Sonolento, me espreguicei: 'Ommmmmmmm...'."

"Foi como num mantra. Quando Alceu começou, todo mundo veio atrás e não parou mais", conclui Lula.

É nessa tradição do "livre espírito" que Paêbirú foi realizado. No texto homônimo - uma raridade datilografada só encontrada no interior dos LPs sobreviventes da cheia e escrito depois da ingestão de cogumelos colhidos no meio do caminho -, Lula Côrtes nos dá uma última idéia da grande aventura que foi Paêbirú: "Nós caçávamos o passado, e os corações se encheram de esperança com aquela visão. O caminho que havíamos abandonado mais atrás era o das Pedra de Fogo, outro pequeno aglomerado quase sem nenhuma chance de vida. A água é muito escassa. Conversávamos sobre as pedras. E ao longo, no horizonte, o lombo prateado da Borborema desenha curvas leves, demonstrativas de sua imensa idade. Os nativos tinham mapas nos rostos, o sol lhes rachou os lábios como racha a terra, as pedras duras e afiadas que dificultavam a caminhada lhes endureceu o riso. A informação parecia estar correta. Achamos o regato e acompanhamos o sentido. A água era clara e bastante salgada. A irrealidade se apossava cada vez mais dos nossos corpos e mentes, e toda a lenda que nos havia enchido os ouvidos, até aquele dia, parecia florar de tudo."

(http://rollingstone.uol.com.br/edicao/24/agreste-psicodelico#imagem0)


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Edição Inglesa, relançamento Mr Bongo.
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