quinta-feira, 31 de julho de 2014

Grand Funk Railroad - E Pluribus Funk (1971)



"O nome do Grand Funk Railroad tem como inspiração a estrada de ferro Grand Trunk Western, localizada na cidade de Flint, nos Estados Unidos. Lugar aonde surgiu a banda. É a partir deste ponto de partida, que começamos uma viagem chamada “E Pluribus Funk”. Com Mark Farner (vocal, guitarra, teclado e harmonica), Don Brewer (bateria e vocal) e Mel Schacher (baixo), essa rota transita pelo ano de 1971.

O Grand Funk fazia aquela bela mescla entre rock e o puro funk americano. Nesta época, o grupo estava a toda e com um enorme sucesso na terra do Tio Sam. Para se ter uma noção, um dos grandes feitos foi bater os Beatles, com a lotação completa, no clássico Shea Stadium, de Nova Iorque. Ao todo, 12 mil pessoas compraram ingressos em apenas 72 horas.

O embarque de 'E Pluribus Funk' inicia com Farner anunciando aos “passageiros” a seguinte frase: “come on everybody, we're gonna have a good time” (vamos lá todos, nós vamos nos divertir). Realmente, esta viagem terá uma excelente trilha sonora de fundo. Nesta canção, a "Footstompin' Music”, há uma ótima troca de teclados para as guitarras. Em boa parte do som, o baixo e a bateria mantém nos trilhos a canção, com as aparições pontuais das harmonias de Farner.

Na próxima estação vem a letra mais politizada do disco, a "People, Let's Stop the War", tendo frases como: “from fighting in a war, that causes big men to get rich” (lutando em uma guerra, que faz com que grandes homens fiquem ricos). Além da argumentação política, Farner usa, em todo o riff, o wah wah em sua guitarra, bem característico e marca registrada em alguns sons do Grand Funk. Outra peculiaridade do grupo é a divisão entre os vocais, com Farner e Brewer cantando juntos “o fim dessa guerra”.

Já a parada seguinte se chama "Upsetter". Aliás, essa é uma que vale a pena calibrar o “bass” das caixas do alto falante, como em outras várias músicas do disco. As linhas de baixo de Schacher são muito bem elaboradas e presentes, cooperando, em muito, na harmonia. Nessa música, o solo fica por conta da harmônica de Farner, contribuindo para soar como um blues tradicional.

"I Come Tumblin'" inicia com um breve do solo de Farner. No entanto, o destaque fica também logo no início da música, mais especificamente na bateria de Don Brewer. A sensação sonora é de um comboio ferroviário ou de uma manada de rinocerontes chegando em sua direção. Após esse atropelamento, acontece uma breve caída para novamente a bateria atropelar tudo. Esses fatos acontecem em vários momentos da música. No encerramento, Schacher sola no baixo, tendo o “comboio” de Brewer de acompanhamento.

Para queimar mais o caldeirão dessa locomotiva, o baterista Don Brewer canta, com sua voz grave e agressiva, em "Save the Land". Essa é a sua única participação como vocal principal deste álbum.

Com um solo de guitarra ao estilo blues vem "No Lies". Nessa canção, como diferencial, foram gravadas duas guitarras. Além disso, mais mensagens são dadas aos “passageiros”. Um dos trechos refere: “we don't need no leader, to tell us just what's wrong” (nós não precisamos de nenhum líder para nos dizer exatamente o que está errado).

No desembarque, "Loneliness" encerra o 'E Pluribus Funk'. No começo, a expectativa é de uma balada, mas, na realidade, essa é a música mais elaborada do disco. O produtor e empresário, Terry Knight, mostrou maior trabalho nessa execução. Para isso, contratou o maquinista, ou melhor, o arranjador Tom Baker para botar mais lenha na locomotiva. Com uma grande orquestração - composta de instrumentos de sopros e arranjos de cordas -, Mark Farner solta a voz mais uma vez e sustenta, por diversas vezes, seus agudos. A orquestra se alinha muito bem com o power trio. O fim apoteótico tem um coral de vozes cantando sobre a solidão, por mais contraditório que isso possa soar.

Para quem não teve a oportunidade de escutar, vale a pena comprar um ticket dessa viagem. Esse passeio musical é diversão pura para os adoradores de rock. Com certeza, as escalas dessa trip farão com que você as queira repetir por diversas vezes."

(http://whiplash.net/materias/cds/189840-grandfunkrailroad.html)

Disco em ótimo estado; com encarte. 
Capa-moeda em muito bom estado (certo desgaste).
Edição Brasileira 1972.
Saindo por R$ 45


quarta-feira, 30 de julho de 2014

Free - The Free Story (1990)



"This is generally the 'second greatest' Free collection, after "Molten Gold: The anthology". It is by far superior to the later "All right now - best of" which has an awful remaster treatment - the songs was sounding like late eighties, not early seventies (wow, what a mistake!), and was suffering in song selection.

Anyway, this was originally double LP compilatiaon-album, you get almoust 80 minutes of classic Free numbers. It covers all of the albums (I'm only missing here more stuff from the first album, and offcourse, "Wishing Well" from the "Heartbreaker" album), and you also get two live cuts, "Mr.Big" and "The Hunter", both concert stamples. Maybe would be better if they included album version of "All right now", which I prefer much more than the single version. But single is single. You'll anyway have to get "Fire and Water" album!
And maybe the sound qualitiy isn't so good, but this is probably the best way to get into Free, the classic early seventies rock band, which could be one of the biggest groups around if they had lasted.
But don't stop here, get "Fire and Water", and then superb 1968. debut "Tons of Sobs" (That's for start)."

(http://www.amazon.com/The-Free-Story/dp/B000006YTK)



Track Listings

1. I'm A Mover
2. I'll Be Creepin'
3. Mourning Sad Morning
4. All Right Now
5. Heavy Load
6. Fire And Water
7. Be My Friend
8. The Stealer
9. Soon I Will Be Gone
10. Mr. Big
11. The Hunter
12. Get Where I Belong
13. Travelling Man
14. Just For The Box
15. Lady
16. My Brother Jake
17. Little Bit Of Love
18. Sail On
19. Come Together In The Morning

Discos (duplo) e capa (dupla) em excelente estado; com encarte.
Importado Holland. Edição Limitada (LP numerado).
Saindo por R$ 100


Projeto Pantanal: Alerta Brasil (87)



Gravado ao vivo no MIS de São Paulo nos dias 19 e 20 de dezembro de 1987.

encontro fantástico dos mais significativos músicos do Mato Grosso do Sul em shows paulistanos memoráveis em prol da causa ambiental pantaneira.

Músicos participantes: Almir Sater, Alzira Espíndola, Celito Espíndola, Geraldo Espíndola, Guilherme Rondon, João Fígar, Paulinho Simões e Toninho Porto...

na minha opinião, quando alguém perguntar "o que tem de melhor na música de MS?", esse disco tem que saltar na vitrola de cara...

Disco em ótimo estado.
Capa em muito bom estado; com encarte.
Saindo por R$ 35,00

terça-feira, 29 de julho de 2014

Música Popular do Nordeste (1973)



Série de 16 álbuns editados entre 1972 e 1976 pela Discos Marcus Pereira (4 para cada região)

"Discos Marcus Pereira, uma gravadora que foi uma alegoria do Brasil:

A gravadora Discos Marcus Pereira foi o mais importante projeto fonográfico nacional. Hoje seus discos estão praticamente todos fora de catálogo, com as originais apodrecendo nos porões da gravadora EMI. Este texto conta sua história, que de tão brasileira, parece uma alegoria de nosso país.

Datas redondas são sempre um bom pretexto para relembrar, ainda mais em nosso país que sofre de um sistemático esquecimento de sua cultura. Neste ano de 2002, comemora-se 35 anos do início e 20 anos do fim do mais importante projeto fonográfico nacional, a Discos Marcus Pereira.

A gravadora foi a primeira no país a adotar uma política de produção alternativa, fora da indústria cultural, de grandes grupos fonográficos e do mecenato estatal. É a inspiradora da saudável proliferação de pequenas gravadoras voltadas para a qualidade e diversidade da música brasileira. Se hoje tempos Kuarup, Rob Digital, Núcleo Contemporâneo, Acari, Biscoito Fino e CPC-Umes, a ela devemos.

Quando a gravadora acabou, seu precioso acervo foi parar com a gravadora Copacabana, que também encerrou suas atividades, terminando tudo em posse da pequena distribuidora ABW, que chegou a lançar muita coisa da Marcus Pereira em CD. Há alguns anos a EMI comprou todo o acervo nas mãos da ABW. Eles estavam interessados no vasto catálogo de jovem guarda da Copacabana, pois boa parte dos dirigentes das grandes gravadoras são oriundos deste pobre movimento musical. Enquanto os fonogramas de iê-iê-iê começaram a ser relançados pela multinacional, o acervo da Marcus Pereira foi imediatamente esquecido. Se quando estava nas mãos da ABW era possível encontrar em CD dezenas de seus discos, hoje os discos em catálogo não completam os dedos de uma mão e os demais apodrecem nos porões da EMI. Um verdadeiro atentado à memória nacional.

A história da Discos Marcus Pereira mistura variadas doses de paixão, dificuldades financeiras e políticas, amizade, descaso e muito idealismo, tudo ao som da melhor trilha sonora que este país já produziu. Sua história é tão brasileira, mas tão brasileira, que mais parece uma alegoria sobre nosso país. A começar pelo lugar onde surgiu.

Bares e botequins são templos de cultura nacional. Um grupo de amigos e amantes de música brasileira frequentava o bar Jogral na cidade de São Paulo. Entre eles estavam o publicitário Marcus Pereira e o dono do bar Luis Carlos Paraná. O Jogral era o grande ponto de encontro da boa música brasileira na cidade. Em 1967, reunindo amizades e afetos para homenagear o compositor Paulo Vanzolini, lançavam o disco "Onze Sambas e uma Capoeira". O LP, que também marcava a estréia artística de Cristina Buarque, trazia a marca "Jogral". No ano seguinte gravavam com gente da casa algo que há muito não acontecia: um disco de choro. Era o "Flauta, Cavaquinho e Violão". O pretexto era dar os discos como brinde de fim de ano da empresa de Marcus. Outros discos foram saindo, um melhor do que o outro. Em 1973, a coleção de 4 discos "Música Popular do Nordeste" valeu a Marcus o prêmio Estácio de Sá do MIS do Rio. Era o pretexto que faltava para abandonar sua rentável agência de publicidade e cuidar de uma nova empresa, a Discos Marcus Pereira.

Se você for fazer uma listagem sobre os melhores discos brasileiros de todos os tempos, a Marcus Pereira marcará presença com um número impressionante para uma pequena gravadora. Não faltarão na lista os dois primeiros do Cartola, o "Na Quadrada das Águas Perdidas" de Elomar, a Orquestra Armorial dirigida pelo Maestro Guerra Peixe, o "Violão Brasileiro Tocado pelo Avesso" de Canhoto da Paraíba e muitos outros. Se hoje aparecem projetos que visam mapear a música feita no Brasil, ele copiam a sua série de 16 LPs com músicas de cada região brasileira. Eles abriram espaço para a música de estilos tão diversos quanto a Banda de Pífanos de Caruaru ao experimentador Walter Smetak. 

A década de 70 viu um ressurgimento do choro e a gravadora foi o principal suporte fonográfico do movimento, gravando discos sensacionais de Abel Ferreira, Raul de Barros, Canhoto da Paraíba, Carlos Poyares, Altamiro Carrilho e tantos outros. Gravou uma série de discos de samba, onde cada um era dedicado a uma das mais tradicionais escolas, Salgueiro, Portela, Mangueira e Império Serrano. Neles era contada sua história artística através dos grandes nomes de cada uma. Só o disco da Portela pode ser considerado o quinto disco da sua Velha Guarda, com participações de Monarco, Alcides Malandro Histórico e Alvaiade. Os demais reuniam gravações de baluartes de cada agremiação, como Tio Hélio, Mano Décio da Viola e Padeirinho.

A mais alta estirpe da música brasileira gravou ou participou de seus discos. Muitos entraram em estúdio pela primeira vez. Foram 144 discos em menos de 10 de anos de existência. Passaram por lá Abel Ferreira, Altamiro Carrilho, Arthur Moreira Lima, Banda de Pífanos de Caruaru, Canhoto da Paraíba, Carlos Poyares, Carmem Costa, Cartola, Celso Machado, Chico Buarque, Chico Maranhão, Clementina de Jesus, Dercio Marques, Dona Ivone Lara, Donga, Elba Ramalho, Elomar, Evandro do Bandolim, Jane Duboc Luperce Miranda, Nara Leão, Orquestra Armorial, Papete, Paulo Marquez, Paulo Vanzolini, Quinteto Armorial, Quinteto Villa-Lobos, Raul de Barros, Renato Teixeira, Roberto Silva, Tia Amélia e muitos outros.

Só que os negócios eram dureza. Alegando que seu trabalho estava voltado para a pesquisa, Marcus conseguiu um financiamento da FINEP que bancou boa parte de seus discos, como o resto da coleção que mapeou a música do Brasil e os de Cartola e Donga. Chegou a hora de pagar os juros. A dificuldade de distribuição (sempre ela!) o sujeitou a um contrato leonino com a gravadora Copacabana. Marcus conseguia tirar leite de pedra para manter seu sonho. Em fevereiro de 1982, após a grave recessão de 79, a gravadora enfrentava sérias dificuldades financeiras. Suas dívidas acumulavam. A gravadora que levava seu nome estava indo à falência. Neste momento difícil que passava o trabalho e sonho de uma vida, problemas pessoais agravara a situação. Marcus Pereira então se suicidou. Você conseguiria imaginar uma história mais brasileira do que esta?"

(http://www.samba-choro.com.br/debates/1034059887)



(1) – Vários Artistas / Música Popular do Nordeste 1 (1973)
Discos Marcus Pereira – FREVO
1 Recife – Quinteto Violado & Zélia Barbosa – (Antônio Maria) (2:05)
2 De Chapéu De Sol Aberto – Quinteto Violado & Zélia Barbosa – (Capiba) (2:15)
3 Um Sonho Que Durou Três Dias – Quinteto Violado & Zélia Barbosa – (Irmãos Valença) (2:14)
4 Saudade – Quinteto Violado & Zélia Barbosa – (Luís Bandeira) (3:02)
5 Trio Elétrico – Trio Tapajós – (Trio Elétrico Tapajós) (6:06)
6 Tubarão Na Onda – Banda Municipal Do Recife – (Luiz Gonzaga De Figueiredo) (1:57)
7 Aí Vem Os Palhaços – Banda Municipal Do Recife – (Ademir Araújo) (2:40)
8 Batendo Biela – Banda Municipal Do Recife – (Geraldo Santos) (2:28)
9 Evocação No 1 – Quinteto Violado & Zélia Barbosa – (Nelson Ferreira) (2:20)
10 Hino De Batutas De São José – Quinteto Violado & Zélia Barbosa – (João Santiago) (2:31)
11 Valores Do Passado – Quinteto Violado & Zélia Barbosa – (Edgar Morais) (2:27)
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(2) – Vários Artistas / Música Popular do Nordeste 2 (1973)
Discos Marcus Pereira – VIOLEIROS E CIRANDAS
1 Meia Quadra – Severino Pinto & Lourival Batista – (Folclore) (4:31)
2 Martelo Agalopado / Galope À Beira Mar / Oito A Quadrão – Otacílio Batista & Diniz Vitorino – (Folclore) (11:49)
3 Ciranda Da Zona Da Mata – Quinteto Violado – (Folclore) (2:44)
4 Ciranda – Baracho E Coro – (Folclore) (9:56)
5 Ciranda Praieira – Quinteto Violado – (Folclore) (2:25)
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.(3) – Quinteto Violado / Música Popular do Nordeste 3 (1973)
Discos Marcus Pereira – BUMBA MEU BOI, SAMBA DE RODA E COCO
1 Entrada Do Boi – Quinteto Violado – (Folclore) (3:28)
2 Cavalo Marinho – Quinteto Violado – (Folclore) (2:14)
3 Entrada Do Boi De Reis – Quinteto Violado – (Folclore) (4:51)
4 A Burrinha – Quinteto Violado – (Folclore) (2:15)
5 Samba De Roda – Quinteto Violado – (Folclore) (5:59)
6 Coco – Quinteto Violado – (Folclore) (6:14)
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(4) – Vários Artistas / Música Popular do Nordeste 4 (1973)
Discos Marcus Pereira – BAMBELÔ, EMBOLADAS, BANDA DE PÍFANOS
1 Bambelô – Beija-Flor & Treme-Terra – (Folclore) (6:45)
2 Embolada Das Meninas – Beija-Flor & Treme-Terra – (Beija-Flor & Treme-Terra) (3:16)
3 Repente Alagoano – Beija-Flor & Treme-Terra – (Beija-Flor & Treme-Terra) (4:42)
4 Improviso No Pátio Do Mercado – Beija-Flor & Treme-Terra – (Beija-Flor & Treme-Terra) (4:20)
5 Esquenta Mulher – Banda De Pífanos De Caruaru – (Sebastião Biano) (3:25)
6 Marcha De Procissão – Banda De Pífanos De Caruaru – (Benedito Biano) (2:59)
7 A Briga Do Cachorro Com A Onça – Banda De Pífanos De Caruaru – (Sebastião Biano) (5:53)
8 Pipoquinha – Quinteto Violado – (Folclore) (2:31)
9 Cavalinho, Cavalão – Quinteto Violado – (Folclore) (2:37)



Caixa quádrupla (não lançada comercialmente).
Discos e encartes em excelente estado. 
Capa externa (box) em muito bom estado (envelhecimento natural).
Edição Original 1973.
Saindo por R$ 80


Marco Antonio Araújo - Quando a Sorte te Solta um Cisne na Noite (1982)



"Ele era um dos maiores músicos instrumentais quando teve a vida ceifada por um aneurisma cerebral, com apenas 36 anos. Uma perda imensa, não apenas para o rock progressivo brasileiro, mas para uma legião de fãs que aprendeu a amar as belas composições desse mineiro, que atravessava o melhor momento de sua carreira. Marco Antonio Araújo é um nome hoje pouco lembrado, mas quem conhece sua obra não se esquece jamais.

Poucos comentam a obra e vida de Marco Antonio Araújo, um dos maiores representantes da música mineira dos anos 80 e que ganhou o epíteto de Egberto Gismonti da década de 80.

Marco Antonio Araújo era um tesouro local e, justamente quando começava a ter seu nome conhecido nacionalmente, veio a falecer no dia 6 de janeiro de 1986, vítima de um aneurisma cerebral, após ficar cinco dias internado na UTI do Prontocor, em Belo Horizonte.

Um fim trágico para um músico que havia dedicado o último disco ao filho recém-nascido, Lucas.

Marco Antonio Araújo nasceu na capital mineiro, no dia 28 de agosto de 1949. Como todo adolescente nos anos 60 se apaixonou pelos Beatles e pelos Rolling Stones e resolveu, em 1968, ingressar no grupo Vox Populi, que contava com Tavito e Fredera, que depois formariam o Som Imaginário. Ficou um ano no grupo, que lançou um compacto, Pai-Son (parceria com Zé Rodrix), pela gravadora Bemol.

Marco já estava absolutamente apaixonado pela música e resolveu abandonar o curso de economia e o emprego em um banco para se dedicar a ela. Em 1970, resolve morar em Londres, onde ficaria dois anos "tietando" (expressão do próprio músico) grupos como Led Zeppelin, Deep Purple, Pink Floyd, Rolling Stones etc. Cansado de correr atrás dos grupos, viu que deveria voltar ao Brasil e começar a carreira de músico.

Assim, retorna ao Brasil e vai morar no Rio de Janeiro, onde foi estudar composição com Esther Sciar e aprendeu violão clássico e violoncelo com Eugen Ranewsky e Jacques Morelenbaum, na Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

 Começa a compor trilhas sonoras para cinema, teatro e balé, entre eles a peça Rudá, de José Wilker e Cantares, um balé apresentado pelo grupo CORPO.

Marco acaba se apaixonando e casando com uma das bailarinas, Déa Marcia De Souza.

Marco mostrou-se um músico brilhante e volta para BH, em 1977, e passa a integrar a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, onde ficaria até o fim da vida.

Marco faz pequenos shows no ano seguinte, onde era acompanhado pelo grupo Mantra. As composições instrumentais mesclavam o rock progressivo com a mais pura tradição mineira de quadrilhas, modinhas e serestas.

Entre 1978 e 1979 apresentou os shows Fantasia e Devaneios, tendo a companhia de Carlos Bosticco (flauta), Hannah Goodwin, no violoncelo, seu irmão Alexandre Araújo na guitarra, Gregory Olson, no contrabaixo, Benoir Clerk, na trompa e Sergio Matos, na percussão.

Aos poucos vai formando um grupo de músicos que o acompanharia: Alexandre Araújo (guitarra), Ivan Correia (baixo), Mario Castelo (bateria), Eduardo Delgado (flauta), Antonio Viola (violoncelo), Max Magalhães (piano) e Lincoln Cheib (bateria).

Em 1980 edita, de forma independente, o primeiro LP, Influências, que recebe grandes elogios da crítica especializada e é divulgado com 74 shows.

O disco ganha boa receptividade fora de Minas Gerais e Marco monta uma produtora independente, Strawberry Fields, a canção dos Beatles que o fez amar o quarteto.

Mais maduro, Marco lança outro disco, em 1982, o belo Quando a sorte te solta um cisne na noite e viaja pelo interior de Minas Gerais, através do projeto Acorde Minas, em parceria com a Rede Globo Minas, a Coordenadoria de Cultura do Estado e de sua produtora, Strawberry Fields.

O disco é novamente elogiado pela crítica, mas Marco sentia que precisava expandir seu público e atingir outros estados, especialmente Rio e São Paulo.

O novo trabalho mostrava Marco cada vez mais maduro no violão Ovation e a banda mais coesa.

Incansável, Marco não parava de trabalhar nem um segundo e resolve inovar no terceiro LP, Entre um silêncio e Outro, de 1983.

Para isso, convidou o violoncelista Jacques Morelenbaum, o flautista Paulo Guimarães e o violoncelista Márcio Mallard e formaram um grupo de câmara que gravou apenas duas "Fantasias Nº 2" e "Fantasias Nº 3". Ao ser editado em CD, trazia ainda as faixas "Abertura I", "Abertura II" e "Cantares II".

A capa trazia uma tela do artista Carlos Scliar - "Vinil Encerado Sobre Tela", feita especialmente para Marco e inspirada em sua música. Dentro do disco, um bela capa dupla colorida, havia um texto do próprio Marco falando de sua obra.

No mesmo ano, nasce seu primeiro filho, Lucas, no dia 2 de agosto. Inspirado pela paternidade, Marco parte para gravar um novo disco, para muitos sua obra-prima: Lucas.

Um disco maduro e que mostrava um homem mais esperançoso e preocupado com o futuro.

No ano seguinte, é editado uma coletânea, Animal Racional, e Marco chegava ao auge da carreira, com shows pelo Brasil inteiro, ao lado do grupo Mantra.

Marco havia regressado a Belo Horizonte, onde iria receber, no dia 7 de janeiro de 1986, um prêmio da Revista Veja como o melhor músico instrumentista do país.

Subitamente, sofreu uma hemorragia cerebral e entrou em coma profundo, vindo a falecer, no dia 6, véspera da premiação. Marco tinha uma viagem agendada para Nova York na semana seguinte.

A perda devastadora jamais foi completamente absorvida e entre os dias 7 e 9 de agosto foi realizado o show Lembranças, para celebrar o 37º aniversário de Marco. Participaram dele Alexandre Araújo, Ivan Correia, Lincoln Cheib, Mauro Rodrigues, Antonio Viola, José Marcosa, Max Magalhães, além de convidados como André Geraissati, Egberto Gismonti, Toninho Horta, entre outros.

Aquele mineiro de técnica refinada e que amava tanto a música pop bem como a mineira e a clássica deixou um legado jamais esquecido pelos fãs e por quem acabaria descobrindo sua obra apenas após sua morte, como é meu caso."

(http://www.beatrix.pro.br/mofo/maa.htm)

Faixas:
01. Floydiana
02. Alegria
03. Adágio
04. Quando a Sorte te Solta um Cisne na Noite
05. Pop Music 


Disco e capa em excelente estado; com encarte.
Edição Original 1982.
Saindo por R$ 40

Módulo 1000 - Não Fale Com Paredes (1970)



"O jornal Rolling Stone, em sua edição nacional, de número 4 (21 de janeiro de 1972) trazia na segunda capa (interna) anúncio de página inteira com o disco. Está lá escrito: "Nosso som é o som do mundo para ser sacado e curtido" - Módulo 1000, com a foto do quarteto e a capa do disco, trazendo apenas o nome da banda e da obra - "Não Fale Com Paredes". Uma estréia que prometia, mas que enfrentou resistências, mesmo dos setores mais roqueiros da mídia, inclusive do próprio RS.

A razão da reação adversa de alguns é, ao mesmo tempo, o grande trunfo do álbum: o som progressivo, altamente técnico, que, ao contrário das críticas, não deixava de manter o pé no rock e da psicodelia. Integravam o grupo carioca, os músicos Luiz Paulo (órgão, piano e vocal), Eduardo (baixo), Daniel (guitarra) e Candinho (bateria). A produção, devidamente capitalizada no anúncio do jornal, é do disc-jockey Ademir, um dos mais destacados da época, depois de Big Boy.

De fato, em suas nove músicas, "Não Fale Com Paredes" é um exercício de criatividade instrumental que, hoje, pode-se nivelar aos melhores discos do gênero produzidos no exterior. "Turpe Est Sine Crine Caput", cantada em latin, com um impressionante trabalho de guitarra, abre o disco mostrando o que vem pela frente. "Não Fale Com Paredes", com letra de Vitor Martins ("Uma pessoa/É uma figura/É uma imagem/Numa moldura/Minha imagem quer sair do quadro/Dessa vitrine sem profundidade"), em clima de quase hard-rock à la Grand Funk Railroad, expõe a face mais pesada do grupo. E "Espelho" é uma viagem acústica, com vocais suaves, que lembra um pouco a sonoridade dos Mutantes.

Um aviso na capa do lp reflete a preocupação do grupo com a qualidade de produção: "o tempo de duração de cada face do disco foi limitado a 16 minutos para proporcionar uma excelente reprodução sonora". Objetivo alcançado, pois ainda hoje causa supresa aos novos ouvintes o resultado final do disco, gravado com as conhecidas condições técnicas nacionais de trinta anos atrás. E por jovens que tinham idade média de 20 anos.

"Não Fale Com Paredes" também é assíduo frequentador dos "want lists" (procurados) de colecionadores internacionais de discos raros de psicodelia e progressivo. Sua capa (em detalhe) está no livro "2000 Record Collector Dream", do austríaco Hans Pokora, e uma de suas músicas - "Lem-Ed-Êcalg (Glacê de Mel, ao contrário) integra a coletânea "Love, Peace & Poetry - Latin American Psychedelic Music", ao lado do também brasileiro Som Imaginário.

Mesmo assim, a sina de "Não Fale Com Paredes" parece ser parmanecer no anonimato. Tanto que já é candidato a transformar-se em "disco perdido" também na era digital. Remasterizado, com capa original de papel e encarte com as letras, ganhou versão em cd, sem que ninguém tenha se dado conta. Originalmente gravado pela Top Tape, a reedição caprichada, limitada e provavelmente esgotada é da Zaher Zein/Projeto Luz Eterna."

(Texto de Fernando Rosa, originalmente publicado na revista ShowBizz, in: http://brnuggets.blogspot.com.br/2006/03/mdulo-1000-no-fale-com-paredes-1970.html)




Disco e capa em excelente estado, impecável (poucas audições).
Importado England - Cherry Red Phonograph.
Saindo por R$ 90


sábado, 26 de julho de 2014

Ravi Shankar & Yehudi Menuhin (1968)



"Ravi Shankar, who would have turned 94 today, had a deep and enduring friendship with the late violin virtuoso Yehudi Menuhin. Call it a bromance, a love affair, a meeting of the minds, a collaboration—when these two sat down to play together, something extraordinary happened. In 1966 they recorded the first of three albums, “West Meets East,” which won the 1967 Grammy Award for Best Chamber Music Performance, and profoundly influenced some of the big pop bands (The Beatles, The Rolling Stones) that were then experimenting with non-Western instruments and composition.

In 1995, Shankar, then 75, and Menuhin, 79, described their friendship in a fascinating interview in the UK’s Independent. Some of Menuhin’s observations seem quaintly dated now (he describes Shankar as having “a true Indian understanding of women”), but their mutual love and respect makes for compelling reading. Said Menuhin of Shankar:

To be a great sitar player like Ravi requires enormous intellectual gifts as well as musical ones. It is perfectly possible for someone who I might describe as having no brain at all to sing so beautifully that whoever listens is utterly enthralled, but it is quite impossible for an idiot to play beautiful Indian music. An untalented sitar player has absolutely nothing to convey to an audience and so the sound he makes is totally boring.

Shankar was equally impressed with his counterpart:

From that very first meeting, I realised that Yehudi was quite different from almost any other Western musician I knew. This is not a criticism, but many Western musicians are very uptight because Western music is very precise. It’s not something you play, as it were, between the lines. Of course, confidence is extremely important for a performer but with a lot of musicians it is their ego, not just their confidence which stands out. Yehudi’s humility is quite extraordinary. It’s one of the things which has always impressed me about him.

Menuhin visited Shankar many times in India, and their families grew close. When Menuhin died suddenly in 1999, Shankar lamented: ”The world has lost a great soul, whose passion was music and humanity.” Shankar died in 2012, at the age of 92."

(http://www.jewcy.com/jewish-arts-and-culture/when-ravi-shankar-met-yehudi-menuhin)

Disco e capa em ótimo estado.
Importado France.
Edição Original 1968.
Saindo por R$ 30,00


Stevie Wonder - Greatest Hits vol. 2




Tracklisting:

 Shoo-Be-Doo-Be-Doo-Da-Day
 Signed, Sealed, Delivered I'm Yours
 If You Really Love Me
 For Once In My Life
 We Can Work It Out
 You Met Your Match
 Never Had A Dream Come True
 Yester-Me, Yester-You, Yesterday
 My Cherie Amour
 Never Dreamed You'd Leave In Summer
 Travelin Man
 Heaven Help Us All

Disco e capa em excelente estado.
Edição Brasileira 1981.
Saindo por R$ 35,00


Alceu Valença - Espelho Cristalino (77)



"este álbum do Alceu Valença, na minha particular opinião, não faz parte daquelas obras que normalmente "rotulariamos" por MPB. Neste álbum, o "mago" Alceu, incorpora em seu cadinho, além de uma significativa porção de folclore nordestino brasileiro, uma generosa porção de rock, promovendo assim, um inusitado e original "fusion" entre o folclore nordestino e o Rock. Trata-se de um complexo e profundo arranjo musical, capaz de realizar a magistral alquimia da "transmutação" de estilos musicais absolutamente distintos, resultando na completa impossibilidade de se determinar onde termina um e onde começa o outro.

Com letras poéticas repletas de conteúdo político e crítico, uma vocal "arretado" e por vezes até feroz, um conjunto de músicos excepcionais e de altíssima qualificação técnica, esse álbum se revela único e imperdível. Infelizmente este álbum, não chegou a agradar ao público habitual de Alceu. Acredito que o "alto teor" de rock envolvido na composição desse álbum, tenha de certa forma, afastado o seu público e este, por não conseguir entender a proposta musical, também não se interessou em adquirí-lo. É uma lástima, pois na minha opinião este álbum é um dos melhores trabalhos do "mago" Alceu, senão, o melhor."

(http://progressivedownloads.blogspot.com.br/2010/03/alceu-valenca-espelho-cristalino-1977.html)

Disco e capa em ótimo estado; com encarte.
Edição original de 1977.
Saindo por R$ 40,00


Cocteau Twins - Blue Bell Knoll (1988)



"Cocteau Twins: 25 anos do Blue Bell Knoll

(* Bluebell knoll é uma flor azul com formato de sino, que cresce nas montanhas escocesas.)

O Cocteau Twins, composto por Elizabeth Fraser, Robin Guthrie e Simon Raymonde em sua formação mais duradoura, é uma banda que desperta amores intensos, com fãs suficientemente fiéis para passarem por cima de rótulos como ‘ethereal’ e ‘dream pop’.

Robert Smith declarou certa vez em entrevista que o grupo faz ‘a música mais romântica’ que ele já ouviu. É honesto dizer que tanto o Cure quanto as bandas do (cof cof) movimento shoegaze como My Bloody Valentine e Lush devem muito para as canções intensamente melódicas do Cocteau, em especial dos discos Treasure e Blue Bell Knoll, de 1988, primeiro esforço comercial e princípio do fim da relação da banda com a gravadora da qual se tornou sinônimo – a britânica 4AD.

Blue Bell Knoll foi lançado num momento em que o trio buscava tanto uma distribuição melhor nos Estados Unidos quanto superar as crises afetivas do casal Fraser e Guthrie. Essa primeira metade dos anos 1980, período especialmente criativo da música britânica, foi muito bem aproveitado pelo Cocteau: Treasure, lançado em 1984, definiu o caráter etéreo que se tornou indissolúvel do trio. Em 1986, com Raymonde afastado para se dedicar ao supergrupo da 4AD, o This Mortal Coil, Fraser e Guthrie trabalharam no desafiador Victorialand, mais um apanhado de ambiências sonoras do que um álbum de canções. No mesmo ano, sem usar o nome Cocteau Twins (roubado de uma canção do também escocês Simple Minds), o trio lançaria com o compositor ambient Harold Budd o disco The Moon and The Melodies.

Blue Bell Knoll resgata a musicalidade sonhadora de Treasure e a formação clássica do Cocteau, num novo estúdio e experimentando com instrumentos como um cravo. Musicalmente, apresenta uma muralha de efeitos de guitarra, baixo e bateria eletrônica, sobre o qual a voz sobrenatural de Liz Fraser flutua. Após o lançamento a cantora afirmaria que foi “seu trabalho mais desgastante”, criado em um processo que ela “não pretendia repetir”. Para o público, o esforço foi válido: Blue Bell Knoll é um álbum livre, que não faz concessões em relação à personalidade criativa do trio mas é claro o suficiente para que uma de suas canções emplacasse na MTV e nas college radios norte-americanas.

No meio da discografia completa do Cocteau, nove anos na cronologia da banda, Blue Bell Knoll marca também o começo do fim. A opção por uma nova gravadora, a Capitol, buscando melhor distribuição nos EUA, significou num curto prazo o fim da relação do Cocteau com a gravadora britânica 4AD. Mau negócio: a 4AD logo viu outra banda de seu cast, o Pixies, encontrar sucesso nos EUA sem  abandonar a casa. E o próprio Cocteau nunca emplacou nos EUA como aconteceu no Reino Unido. O trio gravou outros três discos menores (Heaven or Las Vegas, Four-Calendar Cafe e Milk and Kisses), lançou  singles e coletâneas e encerrou a carreira em 1998, alegando diferenças irreconciliáveis e  abalados pela separação do casal Fraser-Guthrie, cinco anos antes.

Por ser um disco do Cocteau distribuído nos EUA por uma grande gravadora, Blue Bell Knoll é ainda hoje mais fácil de encontrar do que qualquer álbum ou single da discografia, inclusive aqui no Brasil. Isso faz dele o provável disco mais conhecido da banda, ainda que Treasure seja o mais expressivo, Victorialand o mais desafiador e Heaven or Las Vegas o mais comercialmente viável – claro, dentro do quão comercial uma banda que tem uma vocalista que canta sem palavras pode ser, claro.

Essa maravilha que é a versão de “Song to the Siren” gravada pelo This Mortal Coil com voz de Fraser e guitarra de Guthrie em 1983, é homenagem à uma canção de 1970 do folk Tim Buckley. Fraser mais tarde teria um romance com o filho de Tim, o também cantor e guitarrista Jeff Buckley – que morreu afogado ao nadar num rio no Mississipi em 1997. Existem rumores sobre um disco que os dois teriam gravado juntos. Nunca foi lançado, mas dá pra ouvir esse dueto, All Flowers In Time Bend Towards the Sun."

(http://gaiapassarelli.com/2013/08/19/cocteau-twins-25-anos-do-blue-bell-knoll/)

Disco e capa em ótimo estado.
Edição Brasileira 1988.
Saindo por R$ 35,00


Beatles - Please Please Me (1963)



"É difícil falar algo novo sobre qualquer disco dos Beatles. Existem tantos textos sobre todos os quatorze LP's lançados pelo quarteto fabuloso (Fab Four), que tudo à principio soa redundante. Mas ao mesmo tempo, hoje, mais de trinta anos depois que a banda acabou, existem gerações que, perdendo aquele trem, perdem também a noção de quais discos e de que maneira eles atuaram no mercado da época. Praticamente todos os discos dos Beatles revolveram a indústria de uma maneira ou outra. É possível que os Beatles sejam a única banda com uma vasta discografia que possa dizer isso. Então, em função do tempo que se passou, escolhi falar do primeirão: Please, Please Me, e com ele tentar definir alguns detalhes da época, contar algumas estórias sobre as composições e suas respectivas gravações e, assim, talvez dar uma luz no porquê este disco foi o alicerce de todo um império que viria a se erguer.

George Martin e Brian Epstein, respectivamente produtor e empresário da banda, conversavam sobre como traduzir o clima gerado pela música dos Beatles em Liverpool para Londres. A primeira idéia foi gravar um disco ao vivo, direto do Cavern Club. Mas sendo o Cavern uma antiga adega, toda de tijolos, a acústica seria um problema. Transportar e alojar os equipamentos para gravação no clube, seria outro. No final, concluem que o ideal seria fazer um álbum no estúdio, com o repertório da banda gravado ao vivo.

Os Beatles, com George Martin e a gravadora Parlophone, subsidiária da EMI, haviam lançado até então apenas dois compactos. O primeiro, no ano anterior, Love Me Do/P.S. I Love You, e depois, em janeiro, Please, Please Me/Ask Me Why. Quando esse compacto chegou ao 9º lugar nas paradas britânicas, com ares de quem rapidamente escalaria para um possível No.1, a gravadora deu ordens para que um disco fosse imediatamente aprontado para aproveitar a onda. Quem conhece o ramo, sabe que não existe muito “depois” nesta indústria, sendo o imediatismo a palavra de ordem.

O grupo entrou no estúdio na manhã de 11 de fevereiro de 1963 e saiu de lá à noite com um LP completo, com doze horas de trabalho gravado no total. Um recorde difícil de ser igualado para um álbum que chegaria a No.1. Gravaram tudo ao vivo no estúdio, utilizando um mínimo de overdubs. É interessante lembrar que os estúdios profissionais ingleses mais equipados eram de apenas dois canais e usualmente gravavam a banda toda primeiro. Depois, utilizando uma segunda máquina de dois canais, condensavam os dois canais da gravação para uma só pista (ou canal) da fita mantendo toda a segunda pista (ou canal) da fita livre. Assim, podiam gravar as vozes e detalhes. Nesse esquema, foi adicionado o piano em "Misery" e "Baby, It's You" por George Martin, sem a presença dos Beatles. A mesa de quatro canais só seria utilizada a partir do final de 1963 com a gravação de "I Want To Hold Your Hand."

É importante salientar também a atitude corajosa da banda de querer gravar suas próprias canções. Embora um artista gravar sua própria composição não fosse uma coisa nova, haja visto o exemplo de Chuck Berry ou Roy Orbison, dois entre uma pequena dezena que poderia ser mencionada aqui, ainda assim não era a atitude de praxe. Existiam diversas equipes contratadas por gravadoras para escrever os hits para seus artistas. Dois exemplos são a dupla Lieber e Stoller, que compôs diversos sucessos, entre os quais "Jailhouse Rock", especialmente para Elvis Presley; e Goffin e King, igualmente respeitados como excelentes criadores de hits como "Do The Locomotion", "Will You Love Me Tomorrow" e "Chains", que os Beatles re-gravariam aqui no seu primeiro álbum.

O que torna a atitude de Lennon e McCartney tão ousada é o fato deles serem ingleses. Pode ser difícil de acreditar hoje em dia, mas o chamado rock inglês não existia. Pelo menos não no nível de respeitabilidade que existe hoje. Falar de rock inglês em 1960 é o mesmo que falar do rock brasileiro de 1963/64. O que existia era uma agradável brincadeira que não era levada muito a sério pela opinião pública, nem tão pouco poderia ser cogitada como material para exportação. Os artistas ingleses em geral estavam felizes em macaquear versões de clássicos do rock dos anos cinqüenta, embora entre 1960 e 1962, nos dois lados do Atlântico, o que se ouvia nas rádios era o que se acostumou chamar de "soft rock", interpretado por "teen idols", rapazes fotogênicos com cabelos engomados, de terninhos, cantando baladinhas românticas. Rock aguado embebido em açúcar.

Ao gravar suas próprias composições e chegando ao No.1 com elas, os Beatles detonariam o fim do absolutismo das gravadoras, que exigiam dos seus artistas gravar a canção "comprada" da maneira que a gravadora entendesse ser a melhor. Uma vez que o artista, no caso Lennon e McCartney, compõe o seu próprio material, a gravadora não tem como exigir nada em relação a sua execução. Assim, em tempo, a industria começa a mudar a forma de se relacionar com seus artistas.

Os Beatles instituiriam também o início da era do rock inglês, com um rock novamente selvagem e com uma imagem que, embora sob ternos, tem como novidade os cabelos compridos, penteados mas não engomados. São seguidos inicialmente pela enxurrada de bandas de Liverpool, o que a imprensa veio a chamar de som Merseybeat, e logo atrás pelo som londrino de bandas como Rolling Stones, Hollies e Animals.

Para abrir o disco, foi escolhido um dos melhores roques que os Beatles já escreveram, "I Saw Her Standing There". Essa música, inicialmente chamada de Sixteen, foi escrita basicamente por Paul McCartney no início de 1962. Ele a escreveu em casa e conta a história real de seu namoro com Iris Caldwell, que foi iniciado quando ele a viu dançando twist no Tower Ballroom, em New Brighton. Ela tinha apenas 17 anos e ele ficou impressionado com suas pernas longas em meias pretas.

Quando terminada, a canção era um pouco diferente da versão que viemos a conhecer, tendo entre outros detalhes o primeiro verso, "She was just seventeen. Never been a beauty queen." Quando mostrou para seu amigo e parceiro John Lennon, que com sua habitual diplomacia chamou a frase de "uma merda sem sentido", os dois sentaram e reescreveram alguns trechos e a melodia. Paul acabou preferindo os versos de John, "You know what I mean" por eles soarem mais liverpudianos do que americanos. Paul também confessa que sua linha de baixo nessa música é tirada praticamente nota por nota da canção de Chuck Berry, "Talkin' About You", seu hit de 1961. Na gravação que figurou no disco, a contagem inicial foi deixada para se criar um clima de agito, resquícios da idéia original de fazer um disco ao vivo. Também deve-se chamar a atenção para o refrão, que inclui harmonizações e progressões melódicas, coisas que já foram feitas antes, mas não muito comumente ainda assim.

"Misery", a música seguinte, é de certa maneira o exato oposto de "I Saw Her Standing There". Onde a primeira faixa é alegre e otimista, esta é tristonha e reflexiva. A canção conta o lamento de um rapaz que foi dispensado pela namorada: "The world is treating me bad, - misery." Esta seria a primeira canção que John e Paul escreveriam especificamente para dar a um outro artista. Sabendo que iriam excursionar com Helen Shapiro no mês seguinte, a dupla tinha a intenção de oferecer "Misery" para ela cantar. Helen, então com apenas 16 anos, era desde 1961 uma cantora "teen" de renome no Reino Unido, uma estrela muito superior aos "novatos" Beatles.

A inspiração inicial veio de John Lennon, mas a canção foi literalmente feita em parceria, no camarim do King's Hall, Glebe Street, no dia 26 de janeiro de 1963. Contaram ainda com Allan Clarke e Graham Nash, dos Hollies, presentes no camarim, que ofereceram algumas sugestões esparsas para ajudar em determinado trecho, ainda insatisfatório para os rapazes. Eles gravaram uma demo que foi entregue a Norrie Parmor, que cuidava do repertório da artista, mas este a dispensou. Helen só ficou sabendo da canção conversando com John durante a excursão.

As três canções seguintes são regravações de outros artistas. Primeiro vem "Anna (Go To Him)", de Arthur Alexander , um dos artistas de rhythm & blues prediletos de Lennon. Originalmente lançada seis meses antes, ganha de Lennon uma adorável interpretação, cheia de sentimento e melancolia para uma letra que lida com adultério e resignação.

"Chains" da dupla Goffin e King, foi gravada originalmente por The Cookies Dimension em outubro de 1962. John e Paul adoravam esses grupos femininos de vocalistas negras. É do trabalho de grupos como The Shirelles, The Chiffons, The Ronettes e The Crystals, para mencionar alguns, que os Beatles, ou mais especificamente John, Paul e George, aprendem sobre arranjos de vozes e como cantar em coro a três, marca do estilo da banda nesses primeiros três anos. Cantaram e promoveram vários desses números, e aqui no seu álbum de estréia re-gravaram três. Embora tenham sido feitos quatro takes, o take 1 é que foi pro disco.

"Boys", de Luther Dixon e Wes Farrell, é outra canção gravada originalmente por um grupo vocal feminino americano. Dessa vez, os Beatles promovem The Shirelles e o seu sucesso de 1960. O veículo serve para Ringo se apresentar também como crooner. Sua versão é excepcional, com muita adrenalina, gravado em um só take, provando ser um ótimo "rocker".

"Ask Me Why" John escreveu na primavera de 1962 e foi uma das músicas testadas para o primeiro compacto. Acabou sendo re-gravado em novembro de 1962 junto com "Please, Please Me" e lançado como lado B do segundo compacto da banda. John diria que os Beatles estavam tentando soar como Smokey Robinson em várias canções de sua "primeira fase". Em "Ask Me Why", a inspiração inicial veio da canção "What's So Good About Goodbye", sucesso de Robinson em 1961.

"Please, Please Me" é uma canção que, dependendo de quem está lendo, vai entender desde "Por favor me agrade", típico tema inocente de relações menino-menina ou "Por favor me dê prazer", sugerindo um tema sexual camuflado por um arranjo pop simplista.

A idéia veio de duas influências básicas. Primeiro, a canção "Please" do repertório de Bing Crosby, que a mãe de Lennon cantava em casa quando ele era criança. A canção usava as palavras Please (por favor) e pleas (pedidos) de uma forma interessante e que lhe chamou a atenção.
Ex.:
"Oh please, lend your little ear to my please
Lend a ray of cheer to my pleas
Tell me that you love me too."

A outra influência é Roy Orbison. John conta que estava no seu quarto ouvindo a canção "Only The Lonely" de Orbison e depois começou a escrever "Please, Please Me". A versão criada por Lennon naquele dia era consideravelmente mais lenta e o refrão "Come on, come on, come on; Please, please me, like I please you" estava bem no estilo de Orbison.

Meses depois de tê-la escrito, quando os Beatles estavam em Londres escolhendo músicas para o primeiro compacto, era intenção de John gravá-la visando o lado B de "Love Me Do." Mas George Martin, seu produtor, criticou a canção por ser excessivamente parecida com material de Roy Orbison, e simplesmente não permitiu. Argumentou que poderiam trabalhar com ela no futuro, mas antes eles deveriam aumentar o tempo (a batida) e trabalhar melhor as harmonias. Com esse argumento, John e Paul passaram algumas semanas trabalhando em um novo arranjo, aumentando o tempo (a batida) e re-escrevendo parte da letra. John também resolveu adicionar a gaita como parte do arranjo e criou a introdução que faz o refrão na gaita.

Quando preparavam o primeiro compacto, George Martin apresentou à banda uma canção "comprada" que na sua opinião, seria No.1. John e Paul não quiseram gravá-la e, quando forçados, não deram o devido empenho. George Martin, entendendo a "birra" dos "meninos", resolveu na conversa dizendo que quando eles trouxessem uma música tão boa quanto esta que ele trouxe, ele dará preferência ao material dos rapazes. Mas enquanto esse dia não chegar, eles deveriam atendê-lo gravando seu material com o devido empenho. No final, Martin optou por estrear com Love Me Do mas, para o segundo compacto, "How Do You Do It", a música "comprada", já estava mixada e pronta, só faltando escolher um lado B. Foi quando os Beatles apresentaram a nova versão de "Please, Please Me". Martin, após ouvi-la, mantendo sua palavra, aceita sem discussão. George Martin apostou certo e "Please, Please Me" acabou sendo o primeiro No.1 dos Beatles. A partir daqui, o relacionamento gravadora/artista lentamente mudaria. Para quem só conhece a versão em CD deste disco, aqui termina o lado A, em sua concepção original.

Virando o vinil, ouvimos "Love Me Do", que é talvez a mais simples de todas as canções dos Beatles. A maior parte da letra consiste em palavras de uma sílaba, sendo que a palavra love (amor) é repetida 21 vezes. Paul em 1967 declarou que ele a considerava a canção mais filosófica da banda justamente por causa dessa simplicidade. "Love Me Do", gravada no dia 4 de setembro de 1962, chegaria em 17º nas paradas, nada mal para uma banda novata vinda do interior. Principalmente considerando-se a fama de snobe que o londrino tem perante o resto do país. O diferencial dessa canção definitivamente não está na letra, mas possivelmente no sutil sabor de gospel-blues encontrada na sua interpretação. Essa impressão é reforçada pela gaita tocada por Lennon.

Interessante saber que Lennon, embora tivesse noções de como tocar a gaita, somente haveria de se dedicar ao instrumento há cerca de dois meses antes da primeira sessão de gravação do seu primeiro compacto. O interesse nasceu quando conheceu Delbert McClinton, da banda de Bruce Channel, para a qual os Beatles abriram uma série de shows. John ficou impressionado com o seu domínio sobre o instrumento e passou a ter aulas com ele.

A versão constante deste disco é diferente daquela do primeiro compacto e foi gravada na semana seguinte. Essencialmente com o mesmo arranjo, a diferença está na bateria, que no LP é agora conduzida por Andy White, músico de estúdio de 32 anos, contratado da Parlophone. No compacto, a bateria estava na mão de Ringo Starr. Com os problemas encontrados na execução de Pete Best no primeiro encontro do produtor com a banda, e depois com uma certa insatisfação na execução de Ringo em sua estréia com a banda no estúdio no dia 4, Martin não quis perder tempo e arriscar a sessão ser desperdiçada. Então, embora para a primeira prensagem do compacto seja a versão com Ringo na bateria, para o disco optaram pela versão na qual Ringo fica relegado ao pandeiro.

Para "P. S. I Love You", também da sessão de 11 de setembro de 1962, os rapazes pensavam nela como um possível lado A, idéia rapidamente rejeitada por Ron Richards, auxiliar de Martin, atuando na sua ausência. Ron descartou a hipótese dela estrear a carreira dos rapazes porque ele conhecia outra canção com esse mesmo nome. Assim, no final do dia, acabou-se votando nela como lado B para o compacto "Love Me Do". Podemos ouvir Ringo desta vez nas maracas, com novamente Andy White na bateria. Escrita em 1961 por Paul McCartney em Hamburgo, a canção é uma carta-canção para sua namorada Dorothy Rhone em Liverpool, embora posteriormente ele negaria ter tido alguém específico em mente quando a escreveu.

"Baby, It's You" é outro sucesso originalmente gravado pelas Shirelles em dezembro de 1961, aqui na voz de John. Ironicamente, as meninas nunca mais teriam outro hit depois da invasão inglesa em 1964, acabando pouco depois.

"Do You Want To Know A Secret" é outra canção de Lennon, originariamente inspirada em lembranças maternas. Sua mãe cantava para ele uma canção tirada do filme "Branca de Neve e os Sete Anões" de Walt Disney. A canção intitulada "I'm Wishing" de Morey e Churchill contém frases como:

"Wanna know a secret?
Promise not to tell?
We are standing by a wishing well."

A parte musical da canção foi inspirada em "I Really Love You" do The Stereos, hit de 1961. John escreveu a canção no seu novo apartamento pouco depois de se casar. A canção reflete um pouco o otimismo vivido pelo autor neste período, com sua esposa Cynthia já esperando seu primeiro filho.

Para o álbum, Lennon entrega a canção para George Harrison cantar, considerando este um ótimo veículo para seu início de carreira, uma vez que o arranjo só exige três notas. A música acabou se tornando o primeiro No.1 da dupla Lennon-McCartney gravado por outro artista quando John oferece a música para Billy J. Krammer & The Dakotas, grupo que fazia parte da cartela de artistas do seu empresário Brian Epstein.

“A Taste Of Honey” é originariamente da peça homônima escrita por Marlow e Scott. A gravação original foi feita por Bobby Scott Combo, mas a versão que os Beatles gravam é inspirada na re-gravação feita mais recentemente por Lenny Welch, em setembro de 1962. Essa é a única música no álbum a ter overdub nas vozes, sendo possível ouvir a voz de Paul dobrada.

Embora "There's A Place" seja um trabalho inspirado e trabalhado em conjunto, ela carrega consigo mais aspectos do estilo introvertido e profundo de Lennon que o otimismo que geralmente cerca as composições de McCartney. A idéia nasceu de um disco que Paul tinha em casa, "There's A Place For Us" de Leonard Bernstein, que faz parte da peça musical "West Side Story"(Amor Sublime Amor). John, por sua vez, tentou dar à música um aspecto mais Motown, gravadora de artistas negros americanos especialistas em um estilo próprio de rhythm & blues. Artistas da Motown abrangem de Smokey Robinson à Diana Ross. Lennon era particularmente fascinado pelos discos e artistas daquela gravadora e ajudou a promovê-la, gravando várias canções desse selo.

Para fechar o álbum, um rock famoso por exigir tanto do seu vocalista que ele ficaria impossibilitado de cantar qualquer outra coisa depois. Por isso "Twist And Shout", clássico dos Everly Brothers, foi sempre colocado como última canção de suas apresentações, como também é a última a ser gravada para este LP. Literalmente feita em um take, depois de 12 horas de trabalho, a versão dos Beatles coroa um disco raro, histórico e excepcionalmente vibrante.

O disco chegaria as lojas da Inglaterra a partir do dia 22 de março de 1963 e em pouco mais de um mês chegaria a No.1. Please, Please Me, como álbum, inovou toda a concepção de LP's até então. A indústria fonográfica operava em torno de compactos, hits. O compacto consistia em uma música de trabalho no lado A e uma música complementar, sem preocupações artísticas, muitas vezes de autoria do produtor ou do empresário com um pseudônimo, com intuito de arrecadar royalties de carona, na venda do hit. O Long Play (LP) nada mais era do que dois ou três hits do artista com as demais músicas apenas para compor o álbum, sem uma devida preocupação na qualidade artística dessas canções. Geralmente esses LP's tinham na média de dez a doze músicas. A partir de Please Please Me, temos um Long Play com quatorze músicas, todas elas artisticamente trabalhadas. Ao final do ano, os Beatles começariam a não colocar mais músicas lançadas em compactos em seus LP's. E a qualidade das composições desses lados B são de nível nunca antes registrados, e considerados pela crítica de nível superior a vários lados A da concorrência. É o início de uma nova era para a indústria fonográfica. E as vendas monstruosas confirmariam o caminho a ser seguido. A partir de agora, a adolescência e a puberdade se manifestariam em histeria coletiva e a Beatlemania ecoaria por todo o Reino Unido. O mundo fica para o ano seguinte."

(Fonte: Resenha - Please, Please Me - Beatles http://whiplash.net/materias/cds/003226-beatles.html#ixzz38br0v3T8)




Track List:

I Saw Her Standing There (Lennon-McCartney)
Miserey (Lennon-McCartney)
Anna - Go To Him (Arthur Alexander)
Chains (Goffin-King)
Boys (Dixon-Farrell)
Ask Me Why (Lennon-McCartney)
Please, Please Me (Lennon-McCartney)
Love Me Do (Lennon-McCartney)
P. S. I Love You (Lennon-McCartney)
Baby, It's You (David-Bacharach-Williams)
Do You Want To Know A Secret (Lennon-McCartney)
A Taste Of Honey (Marlow-Scott)
There's A Place (Lennon-McCartney)
Twist And Shout (Russell-Medley)



Disco em excelente estado. Capa em muito bom estado, sem rasgos e rabiscos (com "amarelado-envelhecido" típico de uma edição original 60´s).
Importado Argentina.
Edição de época, 60´s.
Saindo por R$ 60,00


Blue Cheer - New! Improved! (1969)



"Like a musical tsunami swallowing everything in sight, San Francisco’s Blue Cheer submerged all of those happy-go-lucky denizens of the Age of Aquarius with the chaotic soundwaves, howling feedback and sheer deafening volume produced by their seismic 1968 debut album, ‘Vincebus Eruptum.’

But after extensive touring and recording their sophomore album, ‘OutsideInside,’ founding guitarist Leigh Stephens abruptly quit. His bandmates, Dickie Peterson and Paul Whaley, responded by hiring not only a six-string replacement in Bruce Stephens (no relation) but a full-time keyboardist in Ralph Burns Kellogg.

As a result, the first half of the retooled band’s third album, ’New! Improved! Blue Cheer,’ which was released in March 1969, bore little resemblance to the eardrum-rupturing, amplifier melting power trio of old. Although astonishingly civilized new offerings like ‘When it All Gets Old’ (featuring Latin percussion), ‘As Long as I Live’ (swerving into country-rock) and ‘I Want My Baby Back’ (which anticipated the Allman Brothers Band’s southern rock) were anything but subpar, they were nonetheless unrepresentative of previous sonic holocausts.

In fact, far more confusing than these unexpected musical developments was the fact that the second half of ‘New! Improved! Blue Cheer’ dispensed with both Stephens and Kellogg so that Peterson and Whaley could renew their power trio formation — now with the help of another guitar wizard named Randy Holden (formerly of the Other Half). This arrangement still didn’t entail a return to more familiar, bruising form on the leisurely tripped out ‘Peace of Mind,’ but they came close on the heavy and foreboding ‘Fruits & Icebergs.’

Sadly, most fans did not know what to make out of so much musical experimentation and Holden’s passage through Blue Cheer would also prove frustratingly brief. After touring in support of ‘New! Improved! Blue Cheer’ he moved on to record his cult masterpiece, ‘Population II,’ with the help of drummer/keyboard player Chris Lockheed, leaving Peterson and Whaley in a lurch, once again.
Seemingly, the duo’s best recourse was to bring back Kellogg, find yet another six-string replacement (first Tom Weisser, then a returning Bruce Stephens) and attempt to carry on. But their persistent lineup instabilities and increasingly unfocused musical direction did the Blue Cheer brand no favors, and, by 1972, the band had officially disintegrated (though future reunions would follow).

Still, for all its musical inconsistencies and almost unprecedented “tale of two halves” recording scenario, ‘New! Improved! Blue Cheer’ at least managed to deliver some ingredients of the gale-force proto-metal originally conjured up by this influential rock combo."

(Read More: 45 Years Ago: Blue Cheer's ‘New! Improved! Blue Cheer’ Released | http://ultimateclassicrock.com/blue-cheer-new-improved/?trackback=tsmclip)




Disco e capa em ótimo estado.
Importado USA. 
Edição Original 1969.
Saindo por R$ 90


quarta-feira, 23 de julho de 2014

Jeff Beck - Truth (69)



"Ainda que a história o tenha eclipsado por Jimi Hendrix, Jimmy Page e Eric Clapton, Beck segue sendo um dos grandes músicos de todos os tempos e tem um legado imenso, que começou no Yardbirds (onde substituiu o amigoEric e tocou junto com o jovem Page), até começar uma carreira-solo irregular, com poucos discos. Mas entre uma fase e outra, Beck montou um grupo fantástico com dois jovens então desconhecidos - Ron Wood e Rod Stewart - e fez um dos mais importantes álbuns dos anos 60: "Truth".

Após deixar o Yardbirds, Beck voltou para Londres e foi contatado pelo empresário Mickie Most para montar um novo grupo.

Most queria que Beck começasse uma nova banda com um jovem cantor, totalmente desconhecido, mas com um timbre único: Roderick David Stewart, ou simplesmente Rod Stewart, um londrino nascido em 10 de janeiro de 1945, e que havia dado os primeiros passos como vocalista do Steampacket e do Long John Baldry, além de alguns compactos lançados pela Decca e Immediate Records.

Jeff não conhecia Rod e se encontraram pela primeira vez em um clube em Cromwellian. Junto com Rod Stewart veio um outro guitarrista, Ronnie Wood (Ronald David Wood, nascido no dia 1º de junho de 1947, em Londres) e que já havia passado por um grupo de nome The Birds (não confundir com o californiano The Byrds), grupo de curta existência (aproximadamente entre 1964 até 1967), onde Ronnie escreveu algumas músicas.

Em 1968 entram em estúdio para a gravação do primeiro álbum, Truth. Produzido igualmente por Mickie Most e tendo Ken Scott como engenheiro de som - anos depois Ken usaria todos os truques aprendidos nessas sessões com o guitarrista Mick Ronson, nos primeiros álbuns deste com David Bowie - Truth é um tremendo disco que misturava blues, hard, heavy metal e até alguns detalhes do que viria a ser o rock progressivo.

Truth abre com uma antiga canção dos Yardbirds, "Shapes of Things", onde Rod começa a mostrar ao que veio.

Com seus vocais rasgados (o próprio descreveu como uma lixa sendo passada em veludo). A segunda é uma composição de Rod e Jeff, o blues "Let Me Love You", passando pela balada "Morning Dew".

Segue-se "You Shook Me" e "Ol' Man River", onde Beck toca baixo e John Paul Jones brlha no órgão e Keith Moon faz uma aparição tocando timpani, atrás dos vocais de Rod.

O lado B abre com a tradicional "Greensleeves", gravada por gente como John Coltrane, com Jeff brilhando no violão, ao melhor estilo Chet Atkins. Jeff era grande fã de Chet e quando mostrou a versão a Most, o produtor adorou e decidiram incluí-la.

O blues volta com força em "Rock My Plimsoul", outra composição de Rod e Jeff, improvisada em cima de "Rock Me Baby", de B.B. King.

A seguir vem uma composição de Jimmy Page em homenagem ao seu amigo, ainda nos tempos de Yardbirds, "Beck's Bolero", feita uma sessão com Nicky Hopkins, John Paul Jones e um demente Keith Moon na bateria.

"Eu ficava espantando com Keith, parecia que queria demolir o kit inteiro. Puro heavy metal!".

O disco traz outra composição da dupla Rod-Jeff, "Blues De Luxe" (novamente chupando B.B, desta vez em "Gambler's Blues") e fecha com outro clássico de Willie Dixon, "I Ain't Superstitious"."

(http://www.beatrix.pro.br/mofo/jeffbeck.htm)


Disco e capa em ótimo estado.
Edição Brasileira 1968.
Saindo por R$ 40,00


Sir Lord Baltimore - Kingdom Come (1970)



"Uma das sementes do heavy metal (que não brotou em território britânico) nasceu em dezembro de 1970. Refiro-me ao álbum de estréia de SIR LORD BALTIMORE, "Kingdom Come". As distorções de guitarra, baixo com altíssimo poder nos graves e um som de bateria nada convencional para a época fazem dessa "pedra preciosa" um item obrigatório na coleção de qualquer rockeiro mundo a fora.

O nome da banda formada por JOHN GARNER (vocal, bateria), LOUIS DAMBRA (guitarra) e GARY JUSTIN (baixo) é no mínimo curioso, estranho e até absurdo, pois se refere a um "sir" de Baltimore, mas esse título, assim como "lord" era dado aos nobres da coroa inglesa e Baltmore é uma cidade do estado norte americano de Maryland. Como se não bastasse toda essa contradição a banda ainda é originária do Brooklyn, Nova York.
Outro fato que chama atenção é a disposição dos instrumentos para seus integrantes, pois para uma banda de rock pesado daquele período (ou mesmo desse) ter um vocalista tocando bateria é algo extraordinário. Num momento em que o heavy metal estava começando a criar corpo revelando "deuses" líricos e guitarristas que reinventariam a música, ter um frontman sentado num kit de tambores e pratos era algo desafiador para os padrões. Mas GARNER mostrou que é possível unir ritmo e viradas com melodia vocal, assim tenha talento. Outro grupo americano famoso que utilizava esse mesmo método foi o Rare Earth, chegando até tocar no lendário festival 'Califórnia Jam' que aconteceu no dia 6 de abril de 1974.

O álbum de dez canções (na sua edição original) abre com "Master Heartache". Um verdadeiro mergulho na criação de um estilo que alguns defendem ter sido eles os verdadeiros precursores, pois o SLB, diferente de outras bandas que ostentam a mesma tese de criadores do heavy metal, possui a confirmação mais antiga que lhes dão essa patente. O registro é confirmado na edição de maio de 1971 da revista musical americana 'Creem' em uma resenha de Mike "Metal" Saunders feita para o "Kingdom Come".

"Hard Rain Fallin" só vem exaltar ainda mais esse direito. A faixa que abre com singelos toques de baixo contagia o ouvinte com seus solos ácidos e viradas nervosas de JOHN, sem falar que sua entonação vocal sempre potencia mais a canção. Características como essas fizeram a banda se despedir do palco antes do final de sua apresentação, quando na ocasião, em fevereiro de 1971, tocavam no 'Filmore East' em Nova York. Algumas fontes diziam que o som deles não agradou ao dono da casa, Bill Graham, motivo para este "expulsar" a banda de lá. Naquela noite também tocou o Black Sabbath.

Tais "desacertos" musicais que fizeram Bill tratar a banda como "adolescentes que gritam", anos depois tiveram reconhecimento de uma legião de fãs que usam a cultura do heavy metal como estilo de vida. Uma das melhores faixas do álbum, "Lady Of Fire" espelha bem a arte dessa cultura.

Mas para provar que o grupo também entendia de música virtuosa, podemos conferir em "Lake Isle Of Innersfree", quatro minutos de voz e guitarra dedilhada que chega a relaxar os ouvidos. As batidas selvagens e "gritos" de GARNER dão lugar a uma desenvoltura afinada de suas cordas vocais com acompanhamento doce de LOUIS.

Mas a loucura logo retorna em "Pumped Up". Uma canção bem calcada no rock 'n' roll dos anos 50, porém com a característica do SLB. Distorções agressivas, solos estonteantes e ao mesmo tempo inquietantes fazem a banda distanciar-se cada vez mais das influências blues que predominavam nos grupos da época.

A faixa título, "Kingdom Come" é mais sombria, pesada e arrastada, ela tem a maior duração do álbum, pouco mais de seis minutos e talento não falta nos novaiorquinos. Apesar do som da bateria ser um pouco baixo, JOHN ainda faz um show à parte com suas batidas aceleradas e viradas brutais. Seus vocais tenebrosos com o acompanhamento das escalas pentatônicas de LOUIS distorcendo até a última nota poderia revelar esta como sendo um dos "embriões" do que se foi chamado décadas depois de doom metal. Aqui também existem solos que quando começam parecem arrancar as tripas do ouvinte pela garganta. Superação e domínio são nomes dados a essa pedrada.




Outro fato curioso conta que quando este disco estava sendo mixado no 'Electric Lady Studios' cujo proprietário era ninguém menos que Jimi Hendrix, membros do Pink Floyd estavam por lá e ficaram impressionados com a música. Não era pra menos, pois uma banda que na época estava ligada à psicodelia, como era o caso do Floyd, de repente dá de cara com algo novo e violento, é pra se impressionar mesmo. Tal violência sonora você também encontra na magnífica "I Got A Woman" e consequentemente em "Hell Hound".

Uma das hóspedes mais encantadoras de "Kingdom Come" é "Helium Head (I Got A Love)". Possui pouca letra, mas o aparato instrumental surpreende pela técnica. Destaque estampado para GARY JUSTIN que não perdoa o seu baixo e arranca agressividade por vezes ofuscando o seu companheiro de cozinha. O solo agudo da guitarra penetra na alma.

Finalmente a última faixa, "Ain't Got Hung On You" fecha com chave de ouro um dos grandes registros do metal clássico. Com curtíssima duração a ousada canção une bases à meia distorção, fortes passagens de baixo e batidas seculares na bateria como se desafiasse alguém a vir fazer melhor. Melhor ou igual, não dá pra saber, mas com certeza os grandes ícones dos anos 70, Deep Purple, Led Zeppelin e Black Sabbath nunca fizeram música tão pesada quanto à de SIR LORD BALTMORE. Escute "Kingdom Come" e tire a sua conclusão."

(http://whiplash.net/materias/cds/181195-sirlordbaltimore.html)

Formação:
John Garner – Vocal, Bateria;
Louis Dambra – Guitarra;
Gary Justin – Baixo.




Faixas:

01 - "Master Heartache" – 4:37
02 - "Hard Rain Fallin'" – 2:56
03 - "Lady Of Fire" – 2:53
04 - "Lake Isle Of Innersfree" – 4:03
05 - "Pumped Up" – 4:07
06 - "Kingdom Come" – 6:35
07 - "I Got A Woman" – 3:03
08 - "Hell Hound" – 3:20
09 - "Helium Head (I Got A Love)" – 4:02
10 - "Ain't Got Hung On You" – 2:24





Disco e capa em excelente estado.
Importado USA. 180 gram.
Saindo por R$ 80